Eu, CARECA!

Um dos maiores temores de um homem é ficar careca e quando se inicia o processo... Esquece! Não há mais nada que se possa fazer, é fato consumado e irreversível. Ainda mais quando na sua família já existe homens carecas, pode se acostumar a imagem deles, pois num futuro bem próximo, você estará na mesma situação. Alguns começam mais cedo, outros um pouco mais tarde, de qualquer maneira as primeiras entradas são um bom sinal de que está na hora de tirar algumas fotos como lembrança, pois a vasta cabeleira logo desaparecerá, e quem vier a lhe conhecer depois provavelmente não acreditará que num passado até não muito distante você tinha um considerável cabelo.

No primeiro momento quando você percebe que ao pentear o cabelo “alguns” fios começam a cair na pia do banheiro, as primeiras palavras que você diz são: - “Fud... estou ficando CARECA!!!” – E pior do que isso é ouvir dos outros a mesma coisa e ter que concordar, afinal está bem evidente que os seus saudosos cabelos estão indo embora sem ao menos se despedir. E são duas, as possíveis reações, ir se acostumando a lhe ver no espelho sem os fios preciosos, com as brincadeiras inevitáveis e tentar aproveitá-lo ao máximo até quando entender que o melhor é raspar o restante e deixar a mostra que você aceitou o inaceitável ou não aceitar as condições impostas pela natureza e querer revertê-la de qualquer jeito, aí começa as dores de cabeça, não procura mais o espelho, fica bravo com as piadinhas vindas dos colegas, procura fórmulas mirabolantes que evitem a queda dos fios e façam renascer outros para ocuparem os lugares dos que se foram, e utilizam de tudo, gema de ovo batido, babosa, xampu de erva cidreira, sabonete de côco, abacate amassado com limão e muitas outras receitas que garantem ser infalíveis.

O meu caso também não é diferente, desde pequeno já escutava do barbeiro que no futuro ficaria careca igual ao pai, aos avôs e os tios. Bom, então o que fazer a não ser aguardar os primeiros fios irem embora? Deixei crescer ao máximo, cortava o necessário, bolava penteados, usava gel para arrepiá-los, e enquanto os anos passavam sempre tirava umas fotos de recordação, já estava com dezoito e nada de cair os primeiros fios, vinte e dois, vinte e três, vinte e quatro e nada, logo pensei: - “que sorte o barbeiro se enganou” – o problema foi que, quem se enganou fui eu, pois aos vinte e cinco numa rebelião sem precedentes, onde eu não estava preparado para controlar o motim, numa fuga em massa todo o meu cabelo fugiu, sem tempo de recapturar nenhum, “é o barbeiro tinha razão”, de um dia para o outro estava CARECA, nem as receitas mágicas deu tempo de experimentá-las, hoje incorporado com a minha carequice, totalmente raspado, desfilo por todos os cantos e ao ver outros na mesma situação acabo entendendo que não há nada o que fazer a não ser cantar:

“é dos CARECAS QUE ELAS GOSTAM MAIS...”