O rolo de papel higiênico
Tem coisas que são personalíssimas, só a própria pessoa é quem pode fazer. E eu estava em uma dessas, as obrigações fisiológicas. Sentando, pensava em tanta coisa naquela hora, olha daqui olha dali, vi o rolo de papel higiênico, pensei... será que o rolo novo tem a metragem que diz na embalagem? Hum... acho que vou medir. Livre do que tinha começado, aventurei-me na ardorosa tarefa de medição. Terminada, concluí que não respeitam nem o papel que e gente usa, faltavam 1,5m. É isso, no nosso país não há respeito nem com o papel que a gente utiliza no banheiro. Mas também eu estava querendo demais, se são capazes de falsificar remédio para o câncer, de colocar alimento vencido nas merendas escolares, de fazerem asfalto “casca de ovo”, adulterar combustível, dizem que há até roubo de órgãos etc. Querer que o papel higiênico tivesse a medida certa é pedir demais. Saí do banheiro suado, pelo tanto que demorei lá dentro. Ah, não consegui enrolar de volta, ficou aquela marmota. Insatisfeito com a descoberta fui fazer a conta de quanto havia perdido em termos percentuais, uma regra de três simples, e descobri que o percentual logrado era de apenas 3,75%. Ou seja, paguei por 100% e recebi 96,25%. Pelo tanto que a gente usa, é uma perca considerável a longo prazo. Se essa falha fosse em uma fábrica de réguas, seria pior ainda, pois as réguas que eram para sair com um metro sairiam com 96,5 cm ao invés de 100cm. Já pensou... os pedreiros, carpinteiros, costureiras usando uma régua de 96,5 pensando que era de um metro. Seria o Caos. Pontes, edifícios, casas, roupas, móveis, ou cairiam ou ficariam tortos. No caso de quem usa papel higiênico, se fosse confiar mesmo, quem usasse essa marca que avaliei, iria sair com a mão suja. Comecei esse texto dizendo que tem coisas que são personalíssimas. Comprar 100 e receber 100 depende exclusivamente de nós mesmos. Quem tem que fazer isso acontecer sou eu mesmo. É o caso de não aceitar mais essas falcatruas, esses roubos, podemos mudar isso. Boicotando essas marcas, essas empresas, essas pessoas, não comprando, denunciando, tentar consertar de outra forma é muito difícil. O programa fantástico de vez em quanto chama o IMETRO e denuncia produtos que estão divergentes do que foi anunciado, fora dos parâmetros exigidos por Lei. Mas lá dentro do banheiro vi que não está adiantando não. Esperar pelo governo, pela jornalista, pela fiscalização, pelo outro, não é certo. Se agirmos também, a coisa tem mais força. Não é preciso bater boca, brigar, sair dos tamancos. Creio eu que não. Melhor seria, parar de comparecer, dizer com atitude que não está gostando e que assim não dá, ou muda ou não tem negócio. É mais efetiva e surte maior efeito, a atitude de cada cidadão, ainda mais se for organizada, vai fazer com que até o rolo de papel para se limpar saia com a metragem correta.