JUJUBA
Tenho grandes e inesquecíveis amigas a quem peço licença para hoje prestar uma homenagem a alguém que, de tanto não ler seu nome em minhas crônicas, disse-me que se algum dia eu lhe escrever um réquiem (mensagem póstuma), ela voltará do além só para puxar a minha perna.
Dizem que há gente que nasce com o rabo para o sol, outros com ele para lua. Os mais desbocados (como eu), diante de situações exacerbadas, costumam trocar a preposição “para” por um advérbio de lugar, insinuando que sujeito muito azarado nasceu com o astro rei “dentro” do traseiro, e que o muito sortudo carrega o satélite dentro de si.
No caso dessa amiga, vejo-a como muito abençoada, pois é exemplo de inteligência, garra e comprometimento, mas acho que também carrega dentro de si as influências benéficas da lua, como você verá a seguir. Sua história se mescla com a de Brasília, pois nasceu por volta de 5 horas da manhã, no dia 21 de abril de 1960, data em que foi “inaugurada” a nossa capital federal.
Seu pai, então um entusiasta dos novos ares que sopravam a partir do planalto central, rumou para o cartório disposto a registrá-la como Brasiliana, mas um anjo de luz deve ter lhe soprado aos ouvidos, rogando que não condenasse a menina a apelidos como “Bra”, “Brasinha”, “Liana”...
O fato é que ao chegar a casa o nome da criança era outro e essa foi a sua primeira sorte. Quando sua mãe pediu uma explicação ao marido, ele orgulhosamente declarou: “Escolhi um nome lindo, composto a partir das três primeiras letras do Presidente Juscelino Kubitschek, e das quatro letras do nome da primeira dama da nação: Sara.”
Em 1975, então com 15 anos, ela sonhou em debutar. Para a juventude que não sabe o que é isso, eu informo que houve um tempo em que as adolescentes desejavam que seus pais as apresentassem à sociedade numa noite de gala, em que, vestidas como princesas, as mocinhas valsavam com os pais, os “priminhos” e, às vezes, com algum galã da TV.
Eu não debutei, não tive festa de quinze anos, tudo porque acho que carrego aqui a trás a VY Canis Majoris (a maior estrela do universo). Já a minha amiga... Pensa que ela debutou em alguma festinha de clubinho de cidade interiorana? Ela (e mais 25 meninas nascidas no dia do aniversário de Brasília, cada uma representando um estado da federação, à época) foi escolhida para debutar na capital federal, com direito a passagens aéreas, acompanhante, mordomia, vestido lindo, cabeleireiro... Tudo por causa da... lua, acho! A danada dançou a valsa com ninguém menos que o Coronel Danilo Venturini, então Ministro do Interior.
Nem tudo em sua vida foi sorte, pois ainda muito jovem ela começou a trabalhar para ter o seu dinheiro, sem, contudo, perder de vista os estudos. Tal seriedade culminou com sua brilhante aprovação no vestibular do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Espírito Santo, onde se graduou.
Nos tempos do curso Científico, ela conheceu um professor, acadêmico de medicina, e por ele se apaixonou. Uma vez casados, foram morar em Brasília, onde nasceu sua primeira filha e dois anos depois, já em Linhares, o seu caçula. Como não lhe importava apenas o título de “esposa de médico”, ela decidiu estudar e entre cerca de 80 mil candidatos ela foi classificada em 20º lugar no concurso da Caixa Econômica Federal.
Naquele banco ela começou uma história de sucesso como caixa e como instrutora de seus colegas, ministrando cursos diversos por esse Brasil afora, até o ano 2000, quando resolveu aderir ao programa de demissão incentivada proposta aos funcionários. Não chegou a ficar cinco meses disponível para o mercado de trabalho, pois logo uma faculdade a contratou e há quase dez anos ela é referência como Coordenadora do Curso de Comunicação Social da Faculdade Pitágoras de Linhares.
Refiro-me a Jussara Carvalho Oliveira, a esposa da Dr. Rogério, a mãe de Mariana Martha e Julio Ruy, filha do Sr. José e Dona Geli, irmã de Ana Maria, Regina, Zezinho e Eduardo, sobrinha e afilhada do Maestro Carlos Cruz (descobridor de Xuxa e de Angélica), uma amiga querida a quem carinhosamente apelidei de “Jujuba”.
Essa é uma outra sorte dela, pois se registrada como Brasiliana, eu, certamente, a apelidaria de “Brasuca”.