A Questão dos Limites
Vivemos uma época onde os pais não podem mais com seus filhos. Crianças de dois ou três anos são os que dão as ordens dentro da família, e tudo gira em torno da figura infante. Quando assisto ao programa da Super Nanny, vejo uma geração de pais que não sabe pra onde ir, que atitude tomar, como falar, e por ai vai.
Hoje, mais do que nunca encontramos pais que não perguntam para onde seus filhos estão indo, com quem está indo, e a que horas vão voltar. São crianças e adolescentes criados sem limites, é a confirmação da falência da função paterna, ou seja, a ausência de limites aos filhos.
Sabemos que nossos filhos estão extremamente vulneráveis aos apelos oriundos do mundo das drogas em virtude das modificações pelas quais passa seu mundo interior. É a chamada fase difícil, conflituosa, arrasadora... Mas é uma fase, e como tal é passageira. É nesse momento que os pais precisam orientar; ser exemplo, dar limites sem serem carrascos.
Atualmente a família tem um perfil totalmente diferente da família dos tempos antigos, e que nem sempre os filhos ocupam o centro da atenção de seus pais. Os pais de hoje muitas vezes precisam trabalhar, saindo cedo e voltando à noite; esses filhos ficam a mercê de ‘instrutores’ que lhes oferecem àquilo que eles não estão encontrando em casa.
O Brasil é atualmente o maior consumidor de drogas, e segundo as estatísticas, podemos chegar a ser o segundo consumidor mundial, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Nosso país oferece um campo fértil e estimulante para nossos jovens: Escola pública com grandes deficiências, desistência dos alunos; baixo poder aquisitivo e as precárias condições de moradia, os meios de comunicações estimulando um consumo desenfreado, levando à nova geração a renegar os valores éticos fundamentais e abraçando valores imediatistas. São esses seres ainda em formação que optam por três caminhos: a polícia, o hospital ou o cemitério.
Atualmente temos ofertas de drogas em qualquer recanto do país, em qualquer região do interior. Vale destacar que a droga encontrada no interior é mais ‘pura’ que as encontrada na cidade, mais barata também. E onde há droga há violência. A violência que antes não era vista nas cidades pequenas hoje já é uma realidade. E são nossos adolescentes envolvidos nesse mundo, o mundo das drogas, que estão sendo mortos de forma alarmante.
Essa semana, uma jovem de quatorze anos, muitas parceiros, dois abortos, vinda de uma família sem qualquer modelo positivo para onde pudesse olhar, foi violentamente assassinada. Assassinada de uma forma cruel: degolada, pernas e braços decepados, barriga rasgada e quem teve sangue frio para ir ver, disse que nunca se viu algo igual. Motivo: droga. Desde os oito anos ‘ninguém’ podia com ela. Fazia o que queria, pois ‘já mandava na sua vida’. Sua mãe perdeu o controle da situação quando ela ainda era ‘uma garotinha’, que usava tranças e pulava de corda.
Gente é hora de pararmos para fazermos a Grande Perguntar: Estamos realmente educando nossos filhos ou estamos contribuindo para sua destruição? À hora é essa, antes que seja tarde demais. Quem quiser dizer que somos caretas, que o diga, acredito que quem ama, quer o melhor para seus filhos. E o melhor é que eles desde cedo tenham limites, saibam respeitar, valorizem o trabalho, saibam compartilhar, e que acima de tudo valorizem a família e à vida.