Imagem: Primavera - Botticelli
Música: Sonata ao luar - Beethoven


RECEITA DA FELICIDADE
 
A criança, em sua inocência, aprende uma palavra chave: RECEITA. Ela possui uma autoridade intocável e no uso dessa autoridade diz para sua mãe: “quero aquele docinho, receita da vovó, quero também, aqueles biscoitinhos crocantes, aquela receita antiga que você não faz há muito tempo”. 

 Toda criança sabe que uma receita é juntar elementos, trabalhar e obter um produto que lhe confira prazer. O prazer é um pequenino elemento da felicidade. Então, faz-se uma receita para obter felicidade. O prazer causado pelo bolo, pelo biscoito e muito fugaz, por isso, a criança continua buscando novas receitas, tão fugazes quanto essas, pelo resto da vida.

A criança, na sua inocência e fantasia, busca por receitas que satisfaçam suas curiosidades e seu paladar. O jovem, na fase em que mais se sonha na vida, busca por receitas que o levem ao sucesso pelos caminhos mais curtos, rápidos e menos cansativos. O adulto, época de trabalho e de cumprir metas, busca por receitas que consolidem os seus sonhos e a sua autonomia. O idoso, fase que é a síntese de todas as anteriores, procura a receita para não perder a capacidade de sonhar.

Como a receita que todos buscam é a felicidade, resolvi juntar alguns elementos para serem trabalhados e que produto final seja a almejada felicidade. Observação: Isso não é autoajuda, e muito menos originalidade minha, apenas, reinventei uma velha e conhecida receita.

Primeiro elemento da receita: “amar o próximo como a si próprio”. Com certeza, esse é o elemento principal, sem ele o produto final não teria forma definitiva.

Segundo elemento: O verbo da vida é sempre o SER. Essa substância é a água, o leite, enfim, o líquido universal que dissolve a mistura e que dá consistência final ao produto.

Terceiro elemento: “reconhecer a diferença entre o possível e o impossível”. O presente elemento é o fermento que confere maciez e volume final ao trabalho.

Quarto elemento: reconhecer a transitoriedade da vida humana e que as nossas obras não nos pertencem. O elemento transitoriedade é o sal, o áçucar e a essência que dá o apetitoso aroma.

Quinto elemento: o passado é a principal escola da vida; o presente, o único tempo real e o futuro é, apenas, a morada dos sonhos. Esse elemento final é a chama, o fogo que promove o cozimento e a finalização da receita.

A mente e o coração humano são extensões do grande celeiro do Universo, lugar onde estão guardados e, a disposição de todos, os elementos da receita da felicidade. 




Roberto Pelegrino
Enviado por Roberto Pelegrino em 15/10/2009
Reeditado em 01/08/2011
Código do texto: T1867066