Não peçam meu MSN
Até hoje nunca houve tamanha possibilidade de se conhecer pessoas. Tudo bem, é um assunto chato, remoído por milhares de PHD's e mestres de diversos gêneros e áreas de estudo, e ainda bem que não é o foco deste pequeno texto.
A evolução de qualquer interação entre as pessoas para um estágio mais íntimo, e não estou me referindo somente para as paqueras e afins, culmina na internet. Agora é provável que você leitor me veja como um conservador idiota que condena a modernização da vida social. Lamento decepcioná-lo, mas de forma alguma.
Não é por acaso que os relacionamentos amorosos duravam muito mais no passado. E não é somente culpa da opressão da sociedade católica, como você pode estar pensando. Cartas. Uma fonte infindável de felicidade abandonada por causa da outra. A outra que nos faz muitas promessas, que nos da tapas na cara querendo mais. Uma prostituta que pode ser vista com qualquer escroto, a qualquer momento. Ali na esquina. A pressa.
Hoje eu tenho centenas de endereços de MSN de várias pessoas e provedores. Um mais criativo que o outro. Quando estou online no trabalho, ainda percebo um vasto acervo de frases de Voltaire, Nietzsche, Ivete Sangalo, Iron Maiden. Todas ao lado de nomes que muitas vezes não reconheco, mas aposto que são pessoas muito interessantes. E olha só! Elas são minhas conhecidas, elas estão no meu MSN, qual é o problema?
Alguns meses antes de morrer, a atriz Dercy Gonçalves disse: "Eu não uso essa porra de celular. Como é que eu vou conversar com alguém que não está aqui comigo?". Não importa conhecer a letra das pessoas. Não importa saber se escrevem com lápis ou caneta, ou se rabiscam folhas de caderno ou papel sulfite. Não vale a pena esperar tanto tempo para ler notícias de pessoas queridas ou não, muito menos saber se a tinta estava acabando. Não vale esperar tanto tempo por uma má notícia. Não vale a pena.
Caso sejamos irmãos de aquário, por favor, não peça meu MSN.