R E - L E I T U R A
Li um belo livro recentemente que me fez pensar, entre outras coisas, no que penso. Esta frase me fez: "A maior viagem que alguém pode empreender é para dentro de si mesma". O livro é do Augusto Cury e apesar de ser muito psicoterapeuta, e eu gosto mesmo é de literatura, pude garimpar 'coisas' interessantes.
Mas, voltando à frase, viajar para dentro de si mesma, faz a pessoa inovar, pois vivemos apenas no exterior, não do país, mas de nós mesmos. São tantos os apelos consumistas, as relações sufocantes, os negócios mal feitos, que quase não tenho tempo para olhar para dentro de mim mesmo. Fiquei pensando, desta forma desgovernada minha de pensar, logo ironizei, logo busquei botar lenha na fogueira.
Para viajar para dentro de mim mesmo, e se eu não deixar, ficar bravo, impedir, colocar barreiras? Semáforos? De que modo eu iria? Iria por qual caminho? Paga passagem?
Logo seria taxado de maluco, rotulado de suposto dono da situação, coisa que não sou. Em qualquer análise, o texto deve ser engenhosamente ligado à dita frase, se vou viajar para dentro de mim mesmo, não posso levar ninguém? Começou a invenção e o resultado, nem eu sei, ainda mais o leitor. Nesta viagem, sem combustível, sem veículo algum, vou apenas com a minha imaginação, que nasce e morre a todo instante, sem precisar de estimulantes, sem precisar de euforia ou motivo aparente, ela, a imaginação, vai e vem, volta, retorna, de onde? Começa o ciclo que nunca terminou, nem terminará, já que nada termina, apenas recomeça, é a peça que a vida nos prega. Em outros termos, é o contrato que temos que cumprir. Você assinou? Tem testemunhas? E o texto, e a frase, e a imaginação, e você, e todos, ninguém, quer viajar sem ter um acompanhante, ou mais de um, sozinho, pra quê? Nada vou levar disto tudo, estarei sozinho para sempre? Meditei sobre o assunto e fiz Ioga e relaxamento e outros métodos orientais e o ocidente me desorienta e meu guru sumiu, preciso de um analista, urgente!
O que era para ser um texto sério, virou isto. Não sei falar/escrever sobre estes temas, mesmo gostando deles. Que me desculpe o Augusto Cury, e vocês, apesar de tudo, se conseguiram chegar até aqui, têm um bocado de paciência e boa vontade, que é também um sinal de que querem viajar para dentro de vocês mesmos, não é verdade? Não? Então me enganei. A minha ironia às vezes irrita muita gente, mas eu não me importo não, eu mesmo me irrito muito. São consequências de uma vida sem muitas viagens para dentro de mim mesmo. Na verdade, não fiz esta leitura, foi uma improvisação. Aliás, tudo é uma improvisação, por falta de motivos maiores que me motivem a escrever sobre outros temas, quem sabe filosofar menos e praticar mais, suar a camisa e não contratar vários assessores, falar menos e ler mais. No fim da estória quem tem razão? Eu não.