ALEGRIA EFÊMERA

Não consegui achar um título mais realista do que esse quando quis expressar a minha satisfação de ver aqui na minha Capital (MS) o escrete 'canarinho'. Estamos vivendo momentos de intensa alegria em face da visita da nossa Seleção Brasileira. Alguém poderia me responder: Mas a visita da seleção brasileira é realmente algo efêmero, pois sua sede é no Rio de Janeiro e não poderia estar em todo brasil ao mesmo tempo! Ocorre que não estou falando apenas da presença da Seleção Brasileira em Campo Grande-MS. Estou me referindo à falta de futebol em nosso Estado e a grande 'estiagem' que vivemos em torno dessa modalidade esportiva desde os idos de 70 a 80.

Assim, nossa euforia se multipla, pois o nosso glorioso "Morenão" a bem pouco tempo era um gigante jogado às traças. Há dois meses atrás eu mesmo conferi in locu o seu abandono, ao jogar um amistoso naquele estádio de futebol, pois o seu velho gramado estava infestado de ervas daninhas que invadiam o tapete verde. Hoje, o que se vê é uma nova roupagem no velho estádio, com uma remodelagem no gramado, na iluminação, nas arquibancadas, com novos anúncios de patrocinadores. E o mais empolgante; ali por suas entranhas passeiam atletas de renome internacional, como Kaká, Adriano, Luiz Fabiano, Gilberto Silva e todos os outros jogadores que foram convocados por Dunga.

Ontem à noite não me desliguei um só momento da 'telelinha' do meu televisor, haja vista que há muito não me deixava tão entretido com os noticiários e os programas que a mídia dedica às cidades que a Seleção Brasileira visita. Vi as pessoas, os jovens, a meninada esperando em frente ao Hotel, para acenar ou tirar uma foto dos seus ídolos e ao mesmo tempo me senti invadido por uma nostalgia, já que não vivemos essa euforia há muitas décadas, quando o nosso saudoso Operário Futebol Clube foi o 3º Colocado no futebol brasileiro, disputando o título - na semi-final - com o São Paulo.

Foi nesse clima de euforia que esperei ansioso o programa do canal fechado do Esporte TV - O Bem Amigos, já que tal programação seria realizada aqui em Campo Grande, ao vivo e direto do Estádio Morenão. Tenho algumas restrições ao seu apresentador. Aliás, parece-me que não estou sozinho nesse ponto de vista, pois tal profissional, com o passar dos anos, tornou-se alguém um tanto quanto arrogante e costuma antecipar resultados que algumas vezes não acontecem e aí não tem a humildade de dizer que errou. Além disso, trata-se de um narrador que se julga além da sua realidade pessoal e, por vezes, esculhamba e humilha os próprios companheiros em nome da sua verbe e da sua inteligência.

Mas, são questões irrelevantes em face da sua participação de ontem no programa Bem Amigos, já que enxerguei uma pessoa preocupada em retratar nossa realidade com respeito e com urbanidade, inclusive, preparando-se para o início do programa com informações da nossa história e da nossas questões regionalistas, sem esquecer das nossas cobranças que sempre estamos enfatizando diante do despreparo da mídia Nacional que muitas vezes chamam o nosso Estado de Mato Grosso, o que é inadmissível, pois esse erro demonstra a ignorância e a falta de consideração para com o nosso Estado. Dito apresentador ainda intitulou-se de origem sul-mato-grossense, ao relatar que sua avó foi egressa do nosso Estado, especialmente, da cidade de Corumbá-MS, casando-se com um militar; razão pela qual afastou de MS. Fiquei surpreso também com a informação de que o comentarista de Fórmula O1, o Reginaldo Leme, é nascido em nossa Capital.

O grande destaque no programa em referência foi a escolha do grupo "Chalana de Prata" para compor a área musical. Entendo que a escolha foi de uma precisão digna de elogios, pois tal grupo é compostos por músicos solos de grande renome, que acabaram se reunindo e criando um conjunto de grande talento no que concerne aos seus membros e de grande atributo em termos de repertório e de divulgação da nossa cultura pantaneira. São eles: Paulinho Simões, Dino Rocha, Guilherme Rondon e Celito Espíndola. Foram apresentadas músicas de grande repercussão durante o programa, como "Trem do Pantanal"; "Quero-Quero", "Japonês e as Três Filhas" etc. Em certos momentos, revelou-se o lado poético do repórter Tino Marcos, quando ele passou a declamar - sob os acordes do "Chalana de Prata" - homenagens à Bonito e à Cidade Morena. Em certo trecho da declamação Tino Marcos disse que Bonito expressa com suas águas doces a mesma sensação de beleza visualizada em Fernando de Noronha. Não foram exatamente essas as palavras, mas aquele profissional da imprensa quis dizer que nossas águas de Bonito são tão lindas quanto aquelas que são vistas em Fernando de Noronha.

Dizem alguns que esse jogo veio para o nosso Estado, como prêmio de consolação pela escolha de Cuiabá como sub-sede da Copa de Mundo de 2014. Essas questões políticas não dizem respeito a nós povo que estamos vivendo essa euforia. O que nos interessa de perto é que tudo isso pode ser um marco para que voltemos a ser olhados com interesse pelos nossos políticos para acabar com essa grande estagnação do nosso futebol. Oxalá possam os homens públicos despertar da sua cadeira de gabinete, saindo das redomas de demagogias em torno do poder, para arregaçar as mangas da camisa engomada ou trocá-la pela camiseta de algodão, chegando aos braços do povo e realizando uma obra de fundamental importância para a auto-estima do povo sul-mato-grossense, para que venhamos a reergue nossas duas forças do futebol local: Operário e Comercial.

Machadinho
Enviado por Machadinho em 13/10/2009
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