Cena de teatro na periferia
MULHER 1 – (Na parada de ônibus) Fulaninha, tu ta toda jeitosa, toda chique, parece uma madame! Quem ta gastando contigo?
MULHER 2 – Ah, minha filha, melhorei de vida! Depois que fui trabalhar no apartamento de um senhor decente lá no Bessa, tou sendo tratada feito gente. Imagina que o homem cismou de namorar comigo, todo respeitador, nem parece o patrão.
MULHER 1 – Já sei que tu ta dando pro homem. Esse povo, tem jeito não!
MULHER 2 – Ah, minha filha! Respeito é bom e conserva os dentes. Vê como fala com essa nega velha. Se o patrão gostou de mim, é porque sou carinhosa e boa de cama e fogão. E quer saber mais? Ele me trata com todo respeito e consideração. Me levou pro motel, coisa de rico, com uísque e tudo.
MULHER 1 – Me conta, mulher! Como foi o sarrabulhado?
MULHER 2 – Ele me tratou bem, mandou eu pegar no pênis dele...
MULHER 1 – Pênis? Que diabo é isso?
MULHER 2 – Oh, mulher ignorante! Não sabe o que é pênis não? É a mesma coisa que caralho, só que mais molinho e mais branquinho...
(Cena da peça “Pintou sujeira no Cuiá”, pelo Grupo Massangana de Teatro Popular, inserida no documentário “Feminino Plural”, que conta a participação das mulheres nas rádios comunitárias na grande João Pessoa e as questões de gênero no movimento de radcom.
O documentário tem formato de vídeo digital, direção de Jacinto Moreno com roteiro de Fábio Mozart.)