CONFISSÃO
A vida passa isso é até aceitável. Não sei se é melhor arrepender-se de não ter feito ou arrepender-se do que fez. Melhor é não ter do que se arrepender (não se arrepender).
Arrependo-me de ter sorriso pouco, amado pouco, sofrido também pouco, abraçado pouco, chorado pouco. Isso se faz necessário na vida!
Arrependo-me de ter dito não com tanta freqüência, e de não dizer quando se fez necessário. Arrependo-me de tentar controlar meu coração, e de não ter controlado meus impulsos. Arrependo-me de deixar me controlarem, antes de tentar o que realmente queria.
Arrependo-me de ficar triste quando precisa ser alegre. Arrependo-me de magoar-me tanto, de ferir-me tanto, de martirizar-me tanto, e de não ter feito da minha queda um passo de dança. Arrependo-me de ter sido egoísta, de ter quebrado o galho da arvore, de colocar língua pra pessoas, e de deixar algumas vezes de orar.
Arrependo-me de não ter brincado de pula corda, de não ter subido em arvores, e não ter o joelho com cicatriz com todo mundo.
Arrependo-me de achar que se apaixonar pela pessoa e não ser correspondia era ruim. Gostar de alguém sempre nos traz sentimentos bons. Arrependo-me dos amigos que deixei, dos que pouco falei, e de achar que o silêncio transmitia respostas, não neste caso. Era preciso falar!
Arrependo-me de ter falado muito, mas não o essencial. De ter ouvido pouco, e não o que era preciso. De ter visto pouco e não ter deletado o que era ruim e aguardado o que era bom.
Arrependo-me de não ter vivido o quanto precisava, e de não fazer dela o meu grande encontro.
Amo a vida e acima de tudo as pessoas que me ajuda a fazer dela um conjunto de emoções. Arrependo-me de arrepender pois cada falha, cada atitude faz de mim o que realmente sou e ainda posso ser. Ainda tenho muito a me arrepender, buscar, buscar, buscar... Isso é realmente viver!
30 de Setembro de 2005.
Cyrlene Rita dos Santos