“Que presente dar ao meu filho no dia da criança?” Posso apostar que 90% dos leitores fizeram esta pergunta a si mesmos nestes dias que antecederam a data tão esperada pelos pequeninos. E isto, de certa forma, é muito bom!
É muito bom pensar o que dar de presente a uma criança. Automaticamente você se enche de exultação. Imediatamente você é contagiado pela satisfação. Antecipadamente você recebe a felicidade de quando o pacote for aberto e o sorriso solto escancarar a boquinha de tanta alegria.
O dia da criança faz bem à gente grande. Tende a amolecer os corações endurecidos e diminui, numa contagem considerável, a idade de todo adulto por algumas horas.
Vai dizer que você não fica louco para rasgar o papel de presente que as mãozinhas desajeitadas demoram a fazê-lo? Vai dizer que você não fica louco que o carrinho saia logo de dentro do pacote, só para mover o botão para o “on” e ser o primeiro a fazer o “test drive”? Vai dizer que você não fica louca para ter a bonequinha fofa nas mãos e ajeitar os cabelos que foram desalinhados na embalagem?
Inventaram o dia da criança com fim comercial? Verdade! Usurparam o dia da padroeira do Brasil e o dedicaram todinho aos pequerruchos? É fato! Mas que este dia é daqueles que tornam o calendário de trezentos e tanto menos pesado; é a mais deliciosa constatação!
Não, não estou esquecendo os pequenos que não tiveram tanta sorte. Não estou ignorando as milhares de criancinhas que vivem situações que não são cor de rosa e nem azul, são negras.
Não estou omitindo a pobreza, a ignorância, a violência a injustiça. Tudo isto palpita em meu peito como uma alfinetada cruel que não me deixa esquecer que existem outras coisas entre o amor e a felicidade que tornam este mundo mais feio do que eu gostaria. Mas jurei não falar disto hoje.
Prometi a mim mesma o egoísmo inocente e lícito das crianças neste dia. Então, me presenteio com o direito de pintar o mundo com as cores que bem desejar. Portanto, não me censure, pois vou pintá-lo todo colorido.
Deixo as cores sombrias de lado. Finjo que no meu estojo faltam o preto, o marrom e o cinza. Será que perdi por aí? Se os achar, por favor, não devolva. Não hoje!
Hoje só quero as cores vivas e alegres. Daqueles que, de um jeito ou de outro, fazem a diferença neste dia. Que com um gesto que parece simples, exercem a grandeza de ensinar música, teatro, dança... Levam a arte das mais diversas formas aos que não podem alcançá-la. Dos que dedicam preciosas horas de seu atribulado dia para doar alegria, carinho, dedicação... aos carentes de esperança.
Neste dia da criança vou pintar com as cores da igualdade a cara do futuro que muita GENTE GRANDE está desenhando por aí. E espero, como quem espera o mais belo presente, que você enfeite este desenho com muitas estrelinhas de aprovação. Se quiser pode criar um sol, um arco-íris, pássaros... Nuvens não! Não existem nuvens no céu deste meu dia. Não aqui neste país, onde Nossa Senhora Aparecida assina comigo esta obra.
VOCÊ QUER DESENHAR COMIGO?