Minha história
Minha história é esse nome que hoje carrego comigo e, embora sem entrar num bar para virar a mesa, entornar os copos, como o personagem Jesus, da música do Chico, já berrei e briguei por ele. E tudo isto por causa de uma letrinha, quiçá um erro de registro, como constatei ao pedir a segunda via da certidão de nascimento há alguns anos. O documento veio com outra letrinha e lá eu tive que entrar em juízo com um pedido de retificação de nome.
Ainda não era formada, mas o juiz não atentando para isto determinou a retificação. O escrivão, na hora de enviar a sentença para publicação, de uma forma muito educada e divertida, informou ao juiz que o número da OAB que ali constava era de estagiária e que quem assinara a petição era “a própria”. Na verdade, a fúria era tamanha - e a pretensão também - que me esqueci de pedir para a minha amiga, já formada, que assinasse comigo após fazermos a petição. Na época isto foi motivo de muito riso e a certeza de que eu só iria me formar para este feito. Parece que em parte, meus amigos tinham razão.
Nas escolas a hora da primeira chamada era um momento esperado até pelos meus colegas. O professor chamava do “A” ao “L”, quando chegava no “M”, parava, corrigia o “erro” na caderneta e me chamava Mírian, para riso de todos. Depois, ao me identificar ao telefone vida afora, volta e meia ouço a pergunta: “- O teu nome é mesmo assim?”. Tenho vontade de responder: “- Não. Eu é que gosto de complicar e depois passar três minutos explicando”.
Desprezando o tempo que eu não falava e nem brigava por isto, são quase quarenta anos repetindo e explicando o nome vezes sem fim, ouvindo vários codinomes – Meg, Meri, Mig, Mirica, Marion, Muriel, Miiii, Mercedes e Vanessa.... Como a paciência e o bom humor fazem muito bem para a pele, hoje atendo por qualquer coisa. É só ouvir um desses nomes, que o pavilhão auditivo traduz três vezes como o canto do galo - “qual-quer-coooisa!!” - ao que respondo pronto e operante.
Como se isto não bastasse, novamente me vi às voltas com o tal nome. Um nome simples, comum até, se considerarmos que apenas uma letrinha foi mudada, originário do hebraico, Maria, cujo significado é senhora. Fui tirar a segunda via da carteira de trabalho e apresentei a carteira de identidade novinha em folha, e não é que a atendente implicou que estava com o nome errado e muito velha. Que desaforo! É só de quando eu tinha 18 anos e ela diz ser muito velha.
E se, como Drummond no Poema de Sete Faces, eu me chamasse Raimunda!?... Não haveria rima, nem seria a solução.
Minha história é esse nome que hoje carrego comigo e, embora sem entrar num bar para virar a mesa, entornar os copos, como o personagem Jesus, da música do Chico, já berrei e briguei por ele. E tudo isto por causa de uma letrinha, quiçá um erro de registro, como constatei ao pedir a segunda via da certidão de nascimento há alguns anos. O documento veio com outra letrinha e lá eu tive que entrar em juízo com um pedido de retificação de nome.
Ainda não era formada, mas o juiz não atentando para isto determinou a retificação. O escrivão, na hora de enviar a sentença para publicação, de uma forma muito educada e divertida, informou ao juiz que o número da OAB que ali constava era de estagiária e que quem assinara a petição era “a própria”. Na verdade, a fúria era tamanha - e a pretensão também - que me esqueci de pedir para a minha amiga, já formada, que assinasse comigo após fazermos a petição. Na época isto foi motivo de muito riso e a certeza de que eu só iria me formar para este feito. Parece que em parte, meus amigos tinham razão.
Nas escolas a hora da primeira chamada era um momento esperado até pelos meus colegas. O professor chamava do “A” ao “L”, quando chegava no “M”, parava, corrigia o “erro” na caderneta e me chamava Mírian, para riso de todos. Depois, ao me identificar ao telefone vida afora, volta e meia ouço a pergunta: “- O teu nome é mesmo assim?”. Tenho vontade de responder: “- Não. Eu é que gosto de complicar e depois passar três minutos explicando”.
Desprezando o tempo que eu não falava e nem brigava por isto, são quase quarenta anos repetindo e explicando o nome vezes sem fim, ouvindo vários codinomes – Meg, Meri, Mig, Mirica, Marion, Muriel, Miiii, Mercedes e Vanessa.... Como a paciência e o bom humor fazem muito bem para a pele, hoje atendo por qualquer coisa. É só ouvir um desses nomes, que o pavilhão auditivo traduz três vezes como o canto do galo - “qual-quer-coooisa!!” - ao que respondo pronto e operante.
Como se isto não bastasse, novamente me vi às voltas com o tal nome. Um nome simples, comum até, se considerarmos que apenas uma letrinha foi mudada, originário do hebraico, Maria, cujo significado é senhora. Fui tirar a segunda via da carteira de trabalho e apresentei a carteira de identidade novinha em folha, e não é que a atendente implicou que estava com o nome errado e muito velha. Que desaforo! É só de quando eu tinha 18 anos e ela diz ser muito velha.
E se, como Drummond no Poema de Sete Faces, eu me chamasse Raimunda!?... Não haveria rima, nem seria a solução.