Convivência
Será que depois de anos ainda sentiremos o mesmo amor voraz que nos consumia? Pois seria simples acostumar-se com um alguém deitado ao teu lado e não compartilhar do mesmo sentimento, do mesmo pensamento, da mesma paixão que outro queimava os lençóis, traduzindo-se em carícias, gemidos, palavras doces e picantes.
Então, não deixe que algo tão lindo esfrie: Diga que me ama mesmo quando acordarmos não tão belos quanto a imagem que ficou gravada em nossas mentes; surpreenda-me com beijos quando tão freqüentemente “discutir a relação”; devora-me com aquele olhar de desejo súbito mesmo que não tenha o mesmo desejo que tivera antes; abuse de carinhos ao invés de palavras que irão nos distanciar mais e mais; crie uma rotina, mentalmente, dos lugares em que fomos felizes, para que a monotonia não seja tão desesperadora; ponha aquela velha música que dizíamos ser feita para nós, para que não chegue o silêncio das noites solitárias.
Se, ainda assim, teimarmos em nos afastar, apele para a lembrança: daquela tarde, que hoje podem ser atitudes tolas, porém antes me fizeram rir e seguir seus passos sem me importar em ser normal. Lembra daquele filme que me trouxe as lágrimas e que você as enxugou e me deu o carinho que faltava nesta cena. Daqueles primeiros doces, que só não eram tão doces quanto nosso momento mais próximo, onde poderiam caber até os risos. Lembra-se daquele intenso e calmo beijo ao luar, em que nossos corpos tremiam, as mãos passeavam e enfim se encontravam, os corações ligavam-se quando se sentia um misto de sentimentos.
Quando nossos dias se tornarem não tão deslumbrantes quanto antes, lembra de tudo que dissemos ser eterno, pois te darei a certeza que ainda há uma chama em mim, que te busca, te adora, te provoca, te quer e que ainda te ama!