O SONSO

[ Ao meu amigo Ítalo Araújo ]

Até hoje, descobrir a essência das mulheres é uma incógnita. Uma das mais profundas dificuldades dos homens. Acho que é por isso que às vezes não temos tanto em nossos braços aqueles seres suculentos de cabelos longos e com mamas avantajadas. Por isso admiro tanto um amigo meu, o Ítalo Araújo, ele chega, não questiona essência, nem procura entender as mulheres: Olha nos olhos delas, faz sua cara de sedutor, e as carrega para a cama. Lá, diabos se sabe o que ele faz. O fato é que ele chegou a fazer numa única festa, três mulheres chorarem.

E agora, onde se encontra a essência das mulheres? Ele não é romântico, não malha todo dia, ou melhor, nunca malhou, nunca chegou a ter músculos másculos, não tem estilo, veste bermuda quadriculada com camisa estampada, calça verde com camiseta lilás, nunca deu flores, nem nunca se mostrou carinhoso, tampouco sentimental... mas há relatos de ser canalha e cafajeste ao extremo. Só sei que a mulher que se envolve com ele... todas, sem exceção, conhece o peso sórdido das lágrimas. Até uma mulher acostumada com a vida do sexo, acostumada às curtições, sair com vários homens dia após dia, quando encontrou Ítalo pela frente, sentiu o peso do choro. Ela chegou a brigar com um ladrão que havia roubado uma camisa dele, tomou no meio da rua a camisa do bandido por culpa de um amor desmedido que tinha pelo cafajestezinho da pessoa cujo nome se chama Ítalo, e codinome Ítalo de Dedé Galinha. Ele é tão sortudo, que em seus namoros às escondidas foi assaltado duas vezes, claro, nas ditas ocasiões, eram duas garotas diferentes, mas os bandidos só levaram os pertences delas.

Será que o Jabor teve razão quando disse que a mulher tem uma forte queda pelo canalha? E o Nietzsche, que disse: “quando fores falar com uma mulher, não te esqueças do açoite, leve o chicote”. Acho que meu amigo Ítalo só anda com esse chicote! Pra mim ele se resume nestas palavras de Bukowski: “me sinto bem em não participar de nada. Me alegra não estar apaixonado e não estar de bem com o mundo. Gosto de me sentir estranho a tudo”. E assim ele enlouquece as mulheres que se envolvem com ele.

Eu vou permanecer aqui estudando a essência das mulheres, sofrendo por elas enquanto o Ítalo as faz sofrer!

Uma vez gritou Henrique Diógenis:

“A mulher é uma condenação voraz,/ é berço de menino, é cruz de satanás/ é alma sem corpo, é terremoto, tufão e furacão/ girando em torno na paz!/ a mulher é o homem pelo avesso/ é segredo, é desprezo/ é onde choro, sorrio e assim me padeço!

Afinal, qual a essência das mulheres? Se ela cisma em ser um beija-flor, e você a flor, ela cospe em você e corre para beijar uma rocha.

... Será que a essência das mulheres está na questão de o homem nunca ser de carne e osso, sentimento e emoção, amor e paixão, carinho e afago? Será que está na grosseria do homem, no desprezo, na falta de carinho?... Pergunta ao Ítalo, quando ele esmoreceu uma única vez e inventou de se apaixonar e ser romântico, as lágrimas que caíram foram as dele.

Por isso hoje, numa mesa de bar, ele bate o pé e diz: "serei sempre um canalha, um insensível, serei amante dos estóicos e nunca me apaixonarei novamente".

Eu vou e retruco pra ele: cara, saia dessa, você em breve vai se apaixonar e sua fama de garanhão cairá. Quer apostar quanto como nesses dias você é tomado por um amor de alguma 'cabôca'? Caras assim como você tem um defeito em serem canalhas, só um: você não é canalha. No fundo, no fundo, ELAS te acham canalha, mas você não é, não é desse tipo, se engana sozinho em bares e noitadas pegando uma e outra. Na verdade, você é carente! Lhe dou um ano para você estar casado. Aposta?