O POETA
A mão enrugada do poeta, conduz o lápis desenhando letras que se transformarão em magia.
Ele cria rimas quando quer e se quiser; sem obrigatoriedade. Ele não rima o menino na porta da escola, não rima a flor nem o carro de defuntos, mas talvez rime a prostituta no cais, contando seus ais.
O poeta pode fazer o que quiser com as palavras; ele é o mágico e alem disso seus cabelos brancos lhe conferem esse direito.
Rima rica, rima pobre, métrica; para que. A criatividade é dele, não precisa se render a conceitos pré estabelecidos.
Disciplina também não, pois inspiração não chega na hora marcada. Ele mesmo diz que pode vir na hora em que o bonde passa, quando a folha cai ou até mesmo da titica de um pombo batizando o ombro de algum privilegiado. Por isso em seu bolso sempre há um lápis e um bloquinho de esboços, onde mais tarde na escrivaninha de seu quarto, geralmente acompanhado de uma bela caneca de vinho, ele encantará seus rudimentos, transformando-os em lindas pérolas.
Certa vez alguém lhe perguntou o que é ser poeta? Prontamente ele respondeu.
Ser poeta é ser meio louco; desligado da vida e das pessoas, mas ao mesmo tempo, sempre prestando muita atenção em ambas. Ser poeta é ater-se a detalhes, tomando os para si, moldando-os e devolvendo-os em forma de letras.
Ser poeta é aprender a ver o invisível.