Ligados no som

Meus filhos estão sempre com o som ligado. Acordam e já ligam o aparelho. Vão para o banho e levam o som, que lá fica tocando em alto volume. O que me faz lembrar da reclamação dos meus pais, que eu não entendia quando adolescente. Por que vocês têm que ouvir música tão alto? Nós tínhamos a radiovitrola na sala e gostávamos de ouvir os long-plays bem alto também.

Só eu tinha uma vitrolinha portátil. Carregá-la era fácil, embora não fosse tão pequena assim, mais parecia uma malinha. Difícil era levar os discos. Tinha que escolher apenas dois ou três, para não andar de um lado para outro com aquela tralha. Lembram o tamanho deles? A vitrolinha passava a maior parte do tempo no meu quarto, onde eu só ouvia música baixinho na hora de dormir. Punha o disco pra tocar, apagava a luz e me deitava sem preocupação, pois ela desligava automaticamente. Então, eu dormia embalada pelas vozes de Pat Boone, Sergio Endrigo, Neil Sedaka, Paul Anka...

Um dia, lá pelos anos noventa, enquanto eu dirigia, minha filha remexia no rádio do carro. De repente ela se ligou num tum-tum e ficou prestando atenção. É música nova, olha só que legal! Liguei meus ouvidos e passei a cantarolar também. Ela admirada, ué, como é que você sabe? Ha, ha! antena de mãe capta mais depressa, entendeu? Ela não entendeu nada, é claro. Nem podia. O tum-tum que a rádio transmitia nada mais era do que Oh! Carol revitalizada. Em ritmo modernizado, mais acelerado...

Ontem, pensando nisso tudo, fui ao You Tube atrás do Neil Sedaka. Ouvi não só Oh! Carol original, como outras canções dele, além de Pat Boone e Paul Anka.

Uma delícia! Que turbilhão de emoções e boas lembranças suas vozes me trouxeram!