DE GÊNIO E LOUCO TODOS NÓS TEMOS UM POUCO

Esta semana eu ia dar uma pausa nas minhas crônicas de comportamento, mas eu descobri que distúrbio bipolar é mais comum, entre algumas pessoas, do que eu imaginava. Aliás, está em moda esse tal de bipolar. Ou seja, a alternância de humor, numa proporção elevadíssima, caracterizada, principalmente, pela fase maníaca para depois passar para a fase depressiva, onde quem a tem se torna, insuportavelmente, uma pessoa desesperada, inversamente proporcional ao seu estado de euforia – que é o de elevada auto-estima –, achando-se uma pessoa especial, dotada de poderes e capacidades únicas como, por exemplo, telepáticas e acreditam, sinceramente, que podem ler o pensamento das outras pessoas e tomar, elas mesmas, as próprias providências necessárias, me levaram a pesquisar um pouquinho mais e escrever esta crônica.

E por quê? Eu lembro que eu tinha uma amiga – graças a Deus eu não a tenho visto já faz tempo! – que tinha vários sintomas de distúrbio bipolar, pois ia de um humor onde até uma desgraça lhe fazia rir – sem interrupção – por quase uma hora –, ou mesmo ficar em gargalhadas, sem motivo aparente, para, de repente, se calar e ficar com o olhar distante, como se estivesse petrificada e, pior ainda, nada conseguia tirá-la daquela letargia. E o que vinha depois era o que preocupava: de repente, ela desandava a chorar e assim ficava, também, na mesma proporção de quando estava gargalhando.

Eu lembro ainda que, em alguns momentos - quando ela estava de bom humor -, sempre falava em Deus e achava que era uma pessoa especial, uma escolhida pelo Criador e, em outros, a sua mania de grandeza lhe emprestava sintomas em que ela se considerava uma verdadeira líder, com habilidades especiais, uma estrela.

Porém, o mais interessante era que, em determinados períodos, ela se comportava normalmente, sem apresentar nenhum sintoma, desenvolvendo suas atividades sem alteração, levando uma vida saudável, sem nenhum tipo de distúrbio.

Mas, o que eu achava mais incrível era o seu comportamento com relação às pessoas com as quais ela não tinha uma boa afinidade: ela as caracterizava como pessoas amigas e até amáveis. Era incrível!

Hoje, eu fico perplexo como essas coisas acontecem a nossa volta e nós nem percebemos, de fato. Entretanto, é bom deixar claro que, nem todas as pessoas que se vestem com roupas exuberantemente coloridas, vivem às gargalhadas, desenvolvem um ritmo acelerado de atividades e se tornam inquietas e agitadas, são psicóticas maníaco-depressivas – nome como a patologia era conhecidas anteriormente.

Contudo, esses são os sintomas, também, de quem é bipolar. E tem mais: se elas ouvem músicas num volume acima dos decibéis permitidos pelos nossos tímpanos, dançam até em seu ambiente de trabalho ou se, de repente, dão nelas, uma espécie de fuga de ideias –onde a mudança de um assunto para outro se dá sem que o assunto anterior tenha sido concluído – e, se há uma distratibilidade, onde a atenção é desviada com excessiva facilidade para estímulos externos e irrelevantes, tudo leva a crer que temos sérios (as) candidatos (as) ao título.

No entanto não é preciso se preocupar com isso – acredito eu. O bicho morde, mas não é venenoso. Ou, como diz o ditado: de gênio e louco todos nós temos um pouco. O mais importante é, se percebemos, claro, que pessoas assim estão em nosso rol de amizades é irmos, aos poucos, saindo de fininho. Pessoas assim se esquecem, com facilidade, das pessoas que as cercam. Com o passar do tempo, nem lembram mais. Está aí, então, a solução. Porém, se não der, relaxe, aproveite a loucura delas e faça como eu: conte a experiência.


 


Obs. Imagem da internet



Raimundo Antonio de Souza Lopes
Enviado por Raimundo Antonio de Souza Lopes em 11/10/2009
Reeditado em 07/12/2011
Código do texto: T1859916
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