Sítio só prá nós (O RIO )
Saudades do Sítio.
Dias passados em total liberdade.
Tudo era divertido e prazeroso de ser vivido.
O rio que dividia o Sítio era fascinante.
Um mistério que eu não conseguia desvendar.
Como podia não chegar a lugar algum?
Como aquela água nunca acabava de passar?
Como era isso possível?
E a noite?
Ah! À noite o barulho de suas águas entrava pelo quarto e me deixava ainda mais curiosa.
Ele não dormia?
Ficava sempre em movimento?
E o descanso e o sono?
Nunca aconteciam?
Dia de festa era o dia de atravessar o rio...
Bote de inflar cor de terra, medo da água, medo do rio, medo do bote virar, “seu” Zé de remo em punho esperando que as crianças parassem de se agitar para então começar a remar rumo a outra margem.
Do outro lado nos esperavam com bolos e canecas de chocolate para o lanche.
Ô sabor inesquecível!!!
Esse era o lado do Sítio onde a lavoura acontecia e a cozinha funcionava a todo vapor. Sempre tinham doces em compota e mais uma infinidade de produtos que eram comercializados pelo nosso velho bisavô. Tudo muito, muito delicioso e nós só pensávamos em comer o que fosse possível.
Hora de voltar para o outro lado, para o lado da casa grande e acolhedora que nos abrigava de todas as intempéries, onde nos sentíamos felizes e aconchegados como no colo de nossa avó.
O rio se coloria das várias cores do entardecer e espelhava um mundo de pequenos brilhantes que os últimos raios de sol nos mandavam de presente.
Alegres e felizes sabíamos que no dia seguinte o rio continuaria ali, e hoje eu sei que para todo o sempre ele ainda estará lá.