75 - DE FUTEBOL E FEIJÃO COM ARROZ...

75- DE FUTEBOL E FEIJÃO COM ARROZ.

Além das presepadas individuais, também as coletivas faziam parte do cardápio. Se bem que, na verdade, o menu era de acordo com as posses de cada um. Em comum só havia o boieiro e neste caso, o Sr Joaquim era o dito perfeito. Passava com o Marcolino ao volante, em todos os pontos da vila e com Sérgio, seu escudeiro fiel, sem esquecer-se de ninguém, fosse almoço ou janta. Sabia tim-tim por tim-tim a capanga, embornal, bolsa ou cesta deste ou daquele empregado; não se enganava jamais.

Comida leve como a do hospital ninguém levava. Muita gordura de porco, costela, mocotó e rabada, qualquer comida aprontada teria que se acalmar no fundo do bucho. Logo após a comilança chegava a hora do ranca. Mesmo que nunca tenha trazido aos personagens danos maiores o futebol jogado na hora do almoço, ali a violência corria à solta no pátio da Oficina da Jacutinga/Mina do Cauê/CVRD. De qualquer forma, quem quer que se machucasse teria que despistar. Era tal de fazer de conta que não houve nada, embora a canela estivesse escalavrada. Proteção, no máximo, era o meião usado para esquentar os pés e perna naquele frio danado.

Colocava os caminhões de frente para o barranco e bem próximo ao lavador, pois, uma bola mal calibrada poderia estilhaçar os vidros e acabar com a pelada. Como a explosão lá da mina, aliás, o futebol só poderia acontecer depois da dinamitagem da parte da manhã. Naquela época era explosão e não implosão como agora, dependendo do material e local voava pedra até na vila. Se você duvidar dos fatos aqui relatados, pergunte aos mais antigos, ex-funcionários da VALE. Alguns ainda estão por aí, desde que a Bíblia ainda era rascunho.

Quem se habilita!

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CLAUDIONOR PINHEIRO
Enviado por CLAUDIONOR PINHEIRO em 10/10/2009
Reeditado em 10/10/2009
Código do texto: T1858770