Sobre Educação
Isso me faz lembrar do ginásio, ensino fundamental, se você preferir. Aquela época boa da escola. Lembro que na minha antiga escola era marcada pela travessia de um portão.
Do lado de lá, está o primário. Aqui, somos gente grande, o ginasiado. Quando ganhávamos acesso àquela área tudo tomava uma cor diferente. Um significado diferente. Agora, nós vamos aprender sobre muitas coisas proibidas. Vão falar com a gente.
E de fato acontecia. Falavam sobre sexo, aborto, os dentes, AIDS... Tudo aprendi no ginásio. E aprendi muitas coisas mais... Sem essa malícia que pode ter passado por sua cabeça. Mas foram apenas lembranças que me pegaram agora. Boas lembranças. E sim, aprendi a amar também, no ginásio. Daquele jeito inocente e gostoso. Primeiro amor.
Tinha um professor, aliás, vários professores que costumavam dizer: “Educação, a gente traz de casa, não é o professor que ensina!” E essa frase era repetida várias vezes. Várias vezes ao dia. E às vezes ainda, era seguida de um sermão.
É difícil domar um bando de ginasiado, cheios de caraminhola na cabeça. Que pensam que vão finalmente ganhar o mundo e autonomia. Porque agora, não temos medo de falar. E já que nos falam tanto, queremos falar sobre isso também. E sobre o amor.
Dava trabalho domar aquelas mentes. Porque tinham tanto o que falar.
Lembro também, que eu tinha uma professora velhinha. Muito querida. Mas muito brava. Era um paradoxo, assim. E ela foi quem nos ensinou: “Sempre que alguém mais velho estiver falando, vocês devem parar para ouvir.”
E no fim, a gente recebia um pouco daquela educação também. Aquela que deveria vir de casa. Alguns, é claro, jamais aprenderiam.
E tinha uma hora do dia que ficava um silêncio inexplicável. Que nem o professor entendia. Parece que um tédio invadia a sala de aula. E os alunos, que antes eram diabinhos cheios de poder, se pareciam mais com anjinhos, esperando um motivo para o deixar de ser.