Deixa-me em paz

Deixa-me em paz entregue aos meus próprios desgostos, que me são bem mais leves, do que ouvir teu matraquear incessante; não adianta dizeres que me queres e que não me pretendes punir, apenas advertir do desamor como algo destruidor...Tu que desperdiçaste energias, seguidamente, em busca do absolutamente nada! Aqui, deve ter marca de admiração, pois, esta afirmativa é um pouco rebuscada e perplexa; fica fácil para entenderes, se o quiseres, mas é apenas problema teu; meus problemas consistem em conviver e trabalhar com meus desgostos, e tu não fazes parte deles. Insisto, em que me deixes em paz, sem tentar mudar minhas idiossincrasias e esgares, dos quais nem eu mesmo sei as razões; mas insisto, deixa-me em paz! Deixa-me em paz e procura sair do meu cérebro, cerebelo, bulbo e medula, e de todas as minhas vísceras e órgãos e até dos meus pelos. É possível, que não entendas a linguagem tão clara que procuro usar, pensando na tua pouca instrução e problemas com palavras pouco inteligíveis...Deixa-me em paz, porque me quero exaurir e sangrar, para que escorram de minhas entranhas o resquício de emoções, que porventura ou desventura te dediquei. Deixa-me em paz, para eu pensar a melhor maneira de viver em paz, depois que resolveres me deixar em paz! Deixa-me em paz, para que eu possa dedicar todo meu tempo a caminhar sem prestar atenção às ruas e praças, para que passe bem depressa o vácuo que existirá em minha vida, quando me deixares em paz... Deixa-me em paz, para que eu possa dispor de todo tempo possível, para pensar que me deixaste em paz. Deixa-me em paz para que, finalmente, eu possa viver ou morrer em paz!