O ESPECIALISTA COMPULSIVO
Tem focado uma área muito específica em seus estudos/pesquisas? Sua especialidade se resume em um tema expressado em um, dois ou três termos? Só consegue orientar trabalhos que incluam aquela palavrinha que encaixa sua especialidade? Se a resposta é sim para uma dessas perguntas, cuidado! Você pode estar sofrendo da "Especialização Compulsiva".
O Especialista Compulsivo afunila tanto sua especialidade que seus textos parecem repetitivos. Em geral carrega sempre o mesmo discurso, usa chavões que ele mesmo absorveu e reproduz idéias tão específicas que só ele compreende.
Um dos maiores males da Especialização Compulsiva é a desconexão com as outras áreas do conhecimento, muitas correlatas, que são completamente desprezadas pelo especialista compulsivo que afirma sempre: "essa não é minha área". O Especialista Compulsivo conseguiu desligar-se totalmente de sua formação acadêmica básica ao eleger um recorte dentro do recorte da realidade. As inter-relações, as pontes, os diálogos com outras áreas não ocorrem nem nos sonhos do especialista compulsivo. Ele, muitas vezes, renega suas origens e chega a ser referência para cientistas de outras áreas.
A especialização compulsiva geralmente é emblemática, rotulando o sujeito, pesquisador, como àquele que entende de determinado assunto. Apesar do reconhecimento de parte do meio acadêmico, o especialista compulsivo sofre por suas limitações, não enxerga nada além daquele foco, falha ao tentar estabelecer relações e faz conclusões precipitadas.
A melhor maneira de prevenir a especialização compulsiva é diversificar. Recomenda-se dialogar com áreas afins, buscar temas relacionados sim, mas não completamente isolados e desconectados com o conjunto do real e da grande área. Uma outra dica é variar por meio de leituras correlatas que façam aproximações com as outras áreas. Cuide-se! A especialização compulsiva pode ser um caminho sem volta.