livros para crianças que não choram mais
Outro dia li num jornal que um livro didático destinado aos alunos do meu estado (MG) havia sido obstruído porque tinha textos com palavrões e violência. Longe de mim querer me intrometer em assuntos pedagógicos do qual não tenho nenhuma qualificação, também adianto que não me importo muito se o ministério público vai liberar ou continuar proibindo essa "obra". O que eu lamento é que algo assim um dia tenha sido escrito com objetivos pedagógicos.
As pessoas andam obcecadas com os ideais do naturalismo. Não importa se essa escola criada ainda no século XIX teve depois dela o parnasianismo, o modernismo, o pós-modernismo ou sei lá mais o que, o que importa é que ela venceu. Hoje em dia até o Big Brother da globo propõe um suposto show de realidade nua e crua(mais nua do que crua diga-se de passagem). Ninguém me tira da cabeça que foi algo assim que motivou os autores dos livros com palavrões.
É triste saber que as crianças e adolescentes e, ainda logo as mais pobres que convivem 24 horas por dia com uma realidade carregada de violência e palavrões quando ir a escola agora vai ter que correr o risco de conviver com a mesma coisa também lá, onde deveria ser estimulada a sonhar com um mundo melhor. Sobretudo porque algum gênio acha que os alunos de hoje estariam melhor lendo algo que tem haver com a "realidade em que vivemos".
Cura-se a doença injetando mais doença, como sonhar com algo que não te deixaram conhecer?
Elas poderiam ler textos tipo Senhor dos Anéis ou algo assim. Algo que exercitasse a imaginação, que as fizesse enxergar um mundo diferente. Quem enxerga um mundo diferente pode vir a sonhar com ele e se sonha pode vir a construí-lo. Mas isso seria um ultraje, uma alienação segundo os sábios naturalistas.
Estes livros com palavrões são destinados, certamente a crianças que não choram mais, porque há muito já aprenderam a sofrer e a se conformar.