Atualmente

Pela manhã existia outrora o café da manhã com a família reunida fazendo os primeiros comentários do dia , a mãe pondo a mesa , o pai lendo o jornal e os irmãos brigando para ver quem usa primeiro o banheiro.

Hoje pela manhã está difícil tomar uma xícara de café com a família , o beijo de despedida foi substituído pelo "tchau" enquanto o outro toma seu banho matinal. A mesa farta com frutas , pão e frios , sucos e "vitaminas" não existe mais , restou o pano de prato medíocre que forra a mesa para que a garrafa térmica e as xícaras repousem sobre ele esperando uma a uma que o sujeito tome ao menos seu cafezinho antes da jornada de trabalho , quando não está atrasado o que hoje não é raro.

E pelo caminho raramente ouve-se um bom dia, bom trabalho , boa viagem ... aos poucos as pessoas vão endurecendo , perdendo a sensibilidade , a preocupação , a compaixão... será o preço do capitalismo ? o preço do conforto ?será possível que nem um bom dia ?

Isso vai gerando um isolamento dentre a multidão , a solidão com companhia , o paradoxal encontro no desencontro.

As melhores conversas do momento são realizadas com o intermédio de um teclado, um monitor e é lógico um bom HD com o MSN da versão mais recente e pavorosamente corre-se o risco dessas conversas serem as mais confidentes , porque não há mais a necessidade de encarar o outro quando se quer dizer , por exemplo , "to gostando de você vamos ver aquele filme legal ?" não , é bem melhor aceitar a derrota sem olhar no olho , é mais comodo.

E assim caminhamos , retrocendendo em nossas relações de afeto e evoluindo em nossos capitais , acumulando nossa grana que no fim você irá questionar " onde vou gastar isso tudo ? caramba fui mal atendido por aquele computador da loja de fast food" .

Rafael Rezende Da Costa
Enviado por Rafael Rezende Da Costa em 07/10/2009
Reeditado em 21/03/2011
Código do texto: T1853744
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