O rato que roeu a roupa do rei de roma morreu
Esta estorinha todos conhecem, por ser muito exercitada para ensinar as crianças com o tal do trava-línguas, nome apropriado para o caso. Mas não é disto que quero falar. Quero falar de algo mais profundo, de dentro dos quartos escuros do castelo do rei de roma. Foi assim que começou realmente a verdadeira estória do rato que roeu a roupa do rei de roma. E roeu de tal forma que causou o maior pandemônio no reino, tendo que ser chamados o primeiro ministro, o segundo e o terceiro, todos devidamente acompanhados de seus inúmeros assessores que traziam também seus cúmplices e vassalos, todos com o intuito de não fazer nada, a não ser entrar na estória, que não é a história, mas a fantasia de todo mundo fazer parte da realeza, mesmo que seja apenas para pegar o rato que roeu a roupa do rei de roma, mas poderia ser qualquer outro rei, qualquer outro rato, qualquer outra roupa, tudo seria interpretado da mesma forma, da forma que o rei queria, pegar o rato, prender o rato, mostrar a cabeça do rato em praça pública, mostrar o poder do rei, fazer o que todos sabem mais fazer: bajular o rei de roma, venerar o rei de roma, puxasaquear o rei de roma, e por aí vai e não volta e continua, o puxasaquismo. O rei de roma, após a prisão do rato, continuou sendo o mesmo rei de sempre, com seus súditos aplaudindo-o sempre que desejado. Mas o rato, o pobre do rato não sobreviveu, não teve um enterro decente, nem seus parentes puderam visitá-lo nos momentos finas de sua miserável vida de rato. Esta morte não foi veiculada nos principais jornais do reino, nem nos da esquerda festiva, nem em nenhum outro meio de divulgação, nada, passou em branco; o que se sabe apenas é que o rato que roeu a roupa do rei de roma está morto. Não foi dada nenhuma informação oficial sobre o caso, ninguém comentou nas esquinas, nem nos bares, sabe-se apenas que após todos estes anos, o rato que morreu foi considerado inocente, não havia sido ele quem roeu a roupa do rei de roma. Depois de tudo descoberto, ficou apenas a famosa frase que é hoje é recitada em todos os quatro cantos do mundo: o rato que roeu a roupa do rei de roma está morto; morreu injustamente, como tantos outros ratos.