NO MUNDO DA LUA BRONZEADA
Quando era adolescente, passava as férias no Guarujá. Em São Paulo morávamos em um apartamento no nono andar. O do litoral ficava no décimo. Voltava da praia, repleta de areia, cabeça distraída, sempre no mundo da lua! Num ato reflexo apertava o botão do nono andar. Saía do elevador e descaradamente, abria a porta da vizinha! O mais curioso era que lá também não se trancava a porta! O que facilitava ainda mais o meu sistemático engano.
Entrava, sem perceber que não era a mesma cozinha, afinal, lembre-se, minha cabeça estava no mundo da lua bronzeada! Além de "invadir" a propriedade alheia, despejava a areia do meu corpo e chinelo e só então, percebia o equívoco, pela cara da moradora que sempre aparecia exatamente naquela hora!
Na primeira semana sorria e me desculpava. Até que, na segunda (e por incrível que pareça, houve segunda semana e as portas sempre destrancadas! Bons tempos, não?) entrei ali e ao retirar a areia do corpo, percebo o engano, antes da mulher aparecer!
Ela surge na cozinha, com cara de quem desejava me enforcar:
- Você ainda não entendeu que aqui não é o décimo andar?
- Entendi, sim! Voltei apenas para dizer uma coisa pra senhora.
- Diga, logo, menina! Já basta ter que limpar essa areia, há uma semana, no chão da minha cozinha!
- Sabe o que é? Sua cozinha é tão bonita, mas tem um detalhe que não combina!
- Decoradora, além de distraída? Mal posso esperar para saber! O que é?
- Aquele prego ali! Não combina! Ou a senhora pendura alguma coisa nele ou então...
- Santa paciência! Tenho direito a duas opções! Ou?
- Tire o prego da parede, ora!
(*) Imagem: Google
http://www.dolcevita.prosaeverso.net
Quando era adolescente, passava as férias no Guarujá. Em São Paulo morávamos em um apartamento no nono andar. O do litoral ficava no décimo. Voltava da praia, repleta de areia, cabeça distraída, sempre no mundo da lua! Num ato reflexo apertava o botão do nono andar. Saía do elevador e descaradamente, abria a porta da vizinha! O mais curioso era que lá também não se trancava a porta! O que facilitava ainda mais o meu sistemático engano.
Entrava, sem perceber que não era a mesma cozinha, afinal, lembre-se, minha cabeça estava no mundo da lua bronzeada! Além de "invadir" a propriedade alheia, despejava a areia do meu corpo e chinelo e só então, percebia o equívoco, pela cara da moradora que sempre aparecia exatamente naquela hora!
Na primeira semana sorria e me desculpava. Até que, na segunda (e por incrível que pareça, houve segunda semana e as portas sempre destrancadas! Bons tempos, não?) entrei ali e ao retirar a areia do corpo, percebo o engano, antes da mulher aparecer!
Ela surge na cozinha, com cara de quem desejava me enforcar:
- Você ainda não entendeu que aqui não é o décimo andar?
- Entendi, sim! Voltei apenas para dizer uma coisa pra senhora.
- Diga, logo, menina! Já basta ter que limpar essa areia, há uma semana, no chão da minha cozinha!
- Sabe o que é? Sua cozinha é tão bonita, mas tem um detalhe que não combina!
- Decoradora, além de distraída? Mal posso esperar para saber! O que é?
- Aquele prego ali! Não combina! Ou a senhora pendura alguma coisa nele ou então...
- Santa paciência! Tenho direito a duas opções! Ou?
- Tire o prego da parede, ora!
(*) Imagem: Google
http://www.dolcevita.prosaeverso.net