DESPERTAR CEDO
 
 
         Despertar seis ou sete da manhã é horrível. Quarta, 7/10/09.
Ruim por que é lucidez demais. O pensamento está limpo como espaço livre para racionalizar as coisas objetivas necessárias serem pensadas.
Pausa para pensar em tudo. Exames a providenciar para a saúde cuidar; procedimentos em dois inventários pendentes, a vida passando, Isto são coisas. Apenas.

Pior é constatar o afastamento dos filhos. Esta parte dói, é horrível pensar. Pois que não depende de mim, e não mereço esse distanciamento de não conviver; vai virando ferida.

Fazer o livro, que está em andamento positivo, está até perdendo o valor em fazê-lo, parece que por não ter participação ou cumplicidade de ninguém, exceto eu mesma. Sim, eu já sabia que escrever é solitário.
 
Observo uma mudança grande em mim. Na época em que vivia na serra, no Catetinho, eu acordava cantando e animada com o dia e as plantas. Como se o dia a vir seria bom, regado de delícias de viver e ser. E apenas era o contato da natureza, e dos meus gatos e cachorros. Parecia que o céu era meu. O ar era meu. Que o caminho era meu. Eu tinha pernas e andava. Eu tinha carro e ia aonde quisesse. Eu era feliz?

Uma indefinição é o que eu sou. Sem coragem de ser apenas o que sou.
Esta indefinição é não viver o momento presente, este.
Bolas é claro, pois o momento não está bom e, percebê-lo é um desconforto.

         Desde que percebi que... O que mesmo?