PANCADA DE AMOR NÃO DÓI...

"Pancada de amor não dói" _ Essa frase tomou forma e hoje faz parte dos ditos populares. Se examinarmos a fundo essa afirmação, veremos que ela é uma grande mentira. Pode servir até como letra de música (por sinal, de extremo mau gosto). Acontece que aquilo que deveria ser apenas uma expressão humorística, tornou-se parte integrante dos problemas familiares e sociais. Vivemos numa sociedade que não extirpou ainda o machismo, a lei do mais forte. E as leis constituídas não conseguem proteger totalmente a vítima.

Pancada de amor não dói no agressor, porque o agredido sofre as dores, não só físicas, pois elas atingem a alma e o coração que são as fontes dos sentimentos.

E que tipo de sentimentos pode ter o agredido traumatizado? Raiva, desolação, impotência, vontade de fugir, de morrer... Fugir, sair da cena diária da agressão... Essa talvez seja a melhor forma de resolver a situação que não tem mais conserto. Denunciar... Mas cadê a coragem? O medo da represália, muitas vezes acabando em morte, prende o agredido ao agressor que, por ser o "mais forte", usa e abusa do temor do outro. Onde está a ajuda? Muitas vezes a própria família fica sem condições de ajudar... As autoridades competentes? Sim, é por aí o caminho. Mas, até que ponto o Conselho Tutelar, a Delegacia da Mulher, a Lei Maria da Penha dão segurança de vida a mulher e a criança, que são sempre as maiores vítimas?

Quantas pancadas em nome do amor! Quantas mortes! Quantas tragédias! Até quando iremos conviver com essa violência doméstica que destrói famílias e que traumatiza a mulher e os filhos? As leis estão aí, podem ser acionadas. Mas, cadê a coragem de se expor, de enfrentar o agressor? Cadê a coragem de enfrentar o temor da morte, sorrateira, que vai pesar, talvez, por toda a vida sobre a cabeça do agredido? Leis mais rígidas? Não sei. Já existem tantas leis... Mas, que lei é capaz de frear o instinto homicida do homem? Se isso fosse possível, hoje não teríamos mais esses crimes passionais, que tanto chocam a opinião pública. As leis até podem coibir, mas esse tipo de agressão só desaparecerá da face da Terra quando o homem aprender que todos somos irmãos e souber cultivar o verdadeiro amor em seu coração.

Porque, "entre tapas e beijos", só na música do Leandro e Leonardo.