O X-TUDO....

 

    Tudo bem ! Eu não sei cozinhar e não faço segredo disso mas às vezes, ainda bem que só às vezes, gosto de fazer sanduíches. É bom que se diga que fazer um sanduíche não é uma coisa tão complicada assim.

     Já fiz vários na minha vida , tipo assim : pão com ovo (que a patroa fritou), pão com carne assada (que a patroa cozinhou), pão com salada de tomate e alface (que sobrou do almoço), pão com presunto (que comprei na padaria) e muitos outros que qualquer hora dessas talvez eu publique as respectivas receitas.

    Nesta última sexta feira cheguei mais cedo em casa e a patroa já tinha saído para ir a hidroterapia. O combinado é que tão logo ela terminasse a sessão na piscina me telefonaria para que eu fosse busca-la.

    Acontece que cheguei com vontade de comer alguma coisa diferente e então, resolvi fazer um sanduíche super especial, super incrementado e inédito, magnifico.

    É desse tipo de sanduíche que marca nossas vidas e para não complicar muito resolvi batizá-lo de “X-TUDO”, nome aliás que não é inédito , mas para aquele momento seria ótimo e daria um excelente lanche.

    A primeira coisa que fiz foi procurar os pães de forma. Desta vez não tive muita dificuldade de encontra-los . Abri a porta da geladeira e com olhar de águia, procurei o que poderia me ajudar na montagem daquele sanduíche, que eu imaginava que deveria ter pelo menos uns três andares.

    Encontrei alface, tomates, queijo prato, ketchup, umas fatias de presunto. Também tinha ovos, mas preferi não arriscar na fritura. E por uma razão muito simples, poderia cair cascas de ovo no meio da gema e da clara.

    Vi também uns potezinhos de iogurte, mas achei melhor não misturar. Continuando na pesquisa, separei dois hambúrgueres e um pedaço de paio. Ah, quase me esquecia, descobri também dois pastéis de queijo que minha filha tinha trazido na noite anterior.

   Bem , agora era só montar aquela maravilha. Peguei um prato e coloquei duas bandas do pão , uma ao lado do outra

    Pincelei as fatias com uma grande dose de maionese mas deixei o ketchup para incrementar no final. Minha maior preocupação seria como cozinhar, fritar enfim, preparar os hambúrgueres e o paio.

    Nem pensar em acender o fogão, mesmo porquê eu teria que pegar frigideira, óleo, manteiga, essas coisas e nisso, sinceramente, sou um desastre. A solução era muito mais simples do que eu poderia imaginar. Era só ligar o micro ondas.

    Se assim pensei, melhor fiz. Coloquei num prato de vidro as carnes e o paio e fechei a porta do micro. O problema agora seria ligar a engenhoca e programar os minutos que as carnes teriam que ficar assando.

    Certa vez vi num filme na TV que um sujeito fez a mesma coisa. Só que programou errado o tempo para que a carne assasse e aí, foi um desastre ou seja, a carne virou carvão.

    Pensei com meus botões. Vou programar a mesma quantidade de minutos que já estava ali gravada e vou olhar pelo vidro da portinhola. Se sentisse que a carne estava ficando muito queimada eu desligava. Nisso, toca o telefone e fui atender.

    Me  esqueci completamente do micro ondas. É claro que quando voltei, tudo estava desligado. As carnes estavam meio fumaçentas, com uma cor meio escura .

    Tudo bem, talvez só estivessem só muito bem passadas. E finalmente, o grande momento, a solene montagem do sanduíche fantástico, o já famoso “X-TUDO DO WILSON”. As fatias de pão já estavam lambuzadas de maionese e então, adicionei o alface, os pastéis, os tomates , que não consegui cortar bem fininhos. Tudo bem, tomates, grossos ou não, eram tomates.

    Para começar a dar meu toque de mestre, resolvi adicionar o ketchup. Aí começaram as tragédias múltiplas. Sempre ouvi dizer que antes de se usar o ketchup devemos sacudir o vidro com toda força.

    Só que ninguém avisa que antes devemos olhar se o vidro está bem fechado. E aquele não estava. Resultado, pelo simples fato da tampa estar meio frouxa, voou molho prá todo lado.

    O pior de tudo e que o teto da minha cozinha é branco, bem clarinho, e seria muito difícil que a patroa não notasse grossas manchas vermelhas emoldurando o teto.

    No armário e na toalha da mesa da cozinha ficaram registradas a minha desastrosa passagem por aquele local.

    Tudo bem, consegui montar o sanduíche, que na verdade, só ficou com dois andares e meio. Como também gosto de misturar doces com salgados, esqueci de dizer que também enfiei entre o presunto e o queijo prato uma colher pequena de geléia de mocotó.

    Se o sanduíche ficou gostoso ? Querem a verdade ? Ficou horrível ! Os hambúrgueres inexplicavelmente estavam duros e com gosto de carvão e o paio, também de tão duro acabou caindo no chão.

    Para não causar mais estragos resolvi apenas lanchar biscoitos creme cracker. Dava menos trabalho. A patroa não poderia reclamar pois afinal de contas lavei a louça e os talheres que tinha utilizado, dobrei a toalha de mesa e coloquei na máquina de lavar (só não sabia como fazer para que ela funcionasse ) e, aproveitei para combinar com um pintor para que viesse até minha casa no dia seguinte.

   Afinal, a cozinha está mesmo precisando de nova pintura. Tudo isso, a tempo de atender novo telefonema. Era a patroa pedindo para que eu fosse busca-la e perguntando se estava tudo bem aqui em casa.

    Não que eu estivesse prevendo chuvas e trovoadas mas, não consegui entender muito bem a pergunta dela......


 


                                     *********




(.....imagem google.....)

WRAMOS
Enviado por WRAMOS em 05/10/2009
Reeditado em 19/02/2013
Código do texto: T1849391
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.