UM CORPO SEM HISTÓRIA

Na palma das mãos, linhas desconexas escritas em vivências

de arrastadas jornadas.

Os braços, caídos ao desalinho do imprevisto, quando a vida

gritara seu derradeiro sopro.

Apenas amanhecia sobre o úmido asfalto e os pés faziam

ainda o desenho do movimento cortado em pleno vôo...

A claridade revelava agora, lenta, impiedosa, o quadro que a

noite guardara cúmplice, em silencioso velar de estrelas frias.

Mas sob o choro da garoa que iniciava condoída, preservava-

se ainda um pouco mais a solidão de um corpo recém tombado, até ser

entregue ao profissionalismo de mãos indiferentes e de ser,

devidamente, ainda uma vez, numerado e catalogado.

tania orsi vargas
Enviado por tania orsi vargas em 05/10/2009
Reeditado em 05/10/2009
Código do texto: T1848626
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