TENENTE LÍRIOS
Por onde andará o Tenente Lírios? Era um moreno bem moreno. Esse negócio do politicamente correto me deixa sem palavras certas para dizer a cor da pele. Eu adoro a cor morena e me recuso a falar de pesquisa científica em crônicas.
Quase dois metros de homem, todo certo de norte a sul e de leste a oeste. (Até me lembro da canção cantada por Alcione. Não suporto chamar Alcione de A marrom. Que coisa mais sem graça). Sem barriga, peito largo, fiquei me sentindo um passarinho ali. Voz bonita. Insinuante sem ser melosa. Doce sem ser embrilhantinada. Todo cheiroso ao perfume masculino da moda quando eu tinha lindos 20 anos de idade. Ô saudade deles. Voltem, por favor. Camisa listrada horizontalmente, calça social, sapatos pretos e lustrosos. Detesto tênis. Relógio dourado. Estava na medida da expectativa.
Dança comigo? Já fui aceitando aquela mão enorme. E já fui também me entregando à dança. Como gosto de dançar! A música? A música era Que Maravilha. O cantor Wilson Simonal. E me senti a personagem da letra de João Bosco:
QUE MARAVILHA
Lá fora está chovendo
Mas assim mesmo eu vou correndo
Só pra ver o meu amor
Ela vem toda de branco
Toda molhada e despenteada
Que maravilha
Que coisa linda é o meu amor
Lá fora está chovendo
Mas assim mesmo eu vou correndo
Só pra ver o meu amor
Ela vem toda de branco
Toda molhada e despenteada
Que maravilha
Que coisa linda é o meu amor
Por intrebancários, automóveis, ruas e avenidas
Milhões de buzinas tocando sem cessar
Ela vem chegando de branco, meiga, linda, pura e muito tímida
Com a chuva molhando o seu corpo
Que eu vou abraçar
E a gente no meio da rua, do mundo, no meio da chuva
A girar
A girar
A girar
Lá fora está chovendo
Mas assim mesmo eu vou correndo
Só pra ver o meu amor
Ela vem toda de branco
Toda molhada e despenteada
Que maravilha
Que coisa linda é o meu amor
Por intrebancários, automóveis, ruas e avenidas
Milhões de buzinas tocando sem cessar
Ela vem chegando de branco, meiga, linda, pura e muito tímida
Com a chuva molhando o seu corpo
Que eu vou abraçar
E a gente no meio da rua, do mundo, no meio da chuva
A girar
Que maravilha
Que maravilha
Que maravilha
Isto tudo nos braços do tenente. Ô maravilha, literalmente. O braço do militar envolvendo minha cintura. E eu achando que ele me protegia de qualquer coisa no mundo. Sabe como é cabeça de jovem. Um país de maravilhas.
Ouvi a voz do homem que me fazia sentir uma borboleta. Disse a mesma falta de criatividade que todos os homens demonstram: VOCÊ DANÇA MUITO BEM. Achei melhor ficar calada e aproveitar aqueles passos de euforia. Até acreditei que dançasse tão bem. O chavão funcionou. Achando pouco, ele completou, tentando conversar, e eu só pensando e sentindo a música: Você é tão levinha, tão magrinha, parece feita de cristal. Tenho até receio de quebrar você.
Achei tudo tão bom e gostoso. Queria que ele me tivesse quebrado com aqueles braços formidáveis.Continências, Tenente!