No cantinho mais ocidental da Europa, espremido entre a Espanha e o Oceano Atlântico, fica o antigo Reino de Portugal; nome recebido entre os anos 930 e 950 depois de Cristo, após a conquista de Fernando Magno, que por sua vez, deu as terras a seu filho, Dom Garcia, que já tratou de se tornar Rei.
 
Oficialmente Portugal existe a pouco mais de mil anos, mas segundo consta a história, por volta do Século V, havia no mesmo lugar, um tal PORTUCALE; da mesma forma que em documentos datados de 841 DC assinado por Afonso II das Astúrias, que deu as terras por governo para o Bispo de Lugo. No documento há indicação de que o Bispo de Lugo tomasse posse das terras de Galiza e de Portugal. Como toda nação de história confusa, somente em 1129, Dom Afonso Henriques foi coroado e reconhecido como o Primeiro Rei de Portugal.
 
Por sua proximidade com o Mediterrâneo de um lado, Espanha, França e Grã Bretanha do outro, as terras que hoje são portuguesas tiveram inúmeras incursões, principalmente dos povos da Península Ibérica; mas de igual forma que os ibéricos, celtas, pré-celtas, lusitanos, galaicos, cinetes, fenícios, cartagineses e por fim, os romanos. Todos estes povos de certa forma ajudaram na conquista e civilização daquelas terras européias.
 
 Os romanos foram os pais oficiais de toda a história organizada de Portugal; em 45 Antes de Cristo eles fundaram nas terras de Portugal um posto avançado do Império dos Césares; estas terras foram chamadas de Luzitânia. Posteriormente, a Luzitânia foi invadida várias vezes por vários povos e cada um deles deixou um pouco da sua cultura, sobretudo de sua língua.
 
Na época da atual Portugal desorientada, sem Leis e sem governante declarado, cada tribo e cada aldeia falava um língua; cada povo se comunicava de uma forma, mas o latim vindo de Roma desde o ano de 45 Antes de Cristo era a mais forte influência; este caldeirão de línguas e povos diferentes, associados entre as línguas da Galiza e do Latim, originou-se o que hoje conhecemos como língua portuguesa; como dizem os críticos, uma língua romântica.
 
Ainda segundo a história, a língua portuguesa era falada apenas dentro das terras de Portugal e desta forma ficou por mais de 1 mil anos, sem ser conhecida por língua portuguesa; sofrendo uma interferência aqui, um ajuste acolá, até se chegar em um molde uniforme de escrita e fonética. Este laboratório de aperfeiçoamento da língua dos portugueses se manteve dentro dos limites de Portugal até 1415, quando então iniciaram as conquistas pelo mundo.
 
África, Ásia e América, além deles próprios, é claro; uma a uma, as nações tomadas pela revolução das conquistas náuticas, fizeram com que a língua portuguesa chegasse a quase 260 milhões de pessoas em todo o mundo até 1999. A maior porção de pessoas falando o português sempre esteve no Brasil, pelo menos após 1621, quando as rotas comerciais entre Portugal e Brasil passaram a ocupar um lugar de destaque na Coroa Portuguesa.
 
Hoje é a oitava língua mais falada na Terra, ocupando oficialmente pelo menos um lugar em quatro dos cinco Continentes. Possui Estatuto Oficial na União Européia, Mercosul, União Africana, Organização dos Estados Americanos, União Latina, Comunidade de Países de Língua Portuguesa e finalmente na Associação dos Comitês Olímpicos de Língua Oficial Portuguesa.
 
Assim como os outros idiomas, o português sofreu uma evolução histórica, sendo influenciado por vários idiomas e dialetos, até chegar ao estágio conhecido atualmente. Deve-se considerar, porém, que o português de hoje compreende vários dialetos e subdialetos, falares e subfalares; muitas vezes bastante distintos, além de dois padrões reconhecidos internacionalmente (português brasileiro e português europeu). No momento atual, o português é a única língua do mundo ocidental falada por mais de cem milhões de pessoas com duas ortografias oficiais.
 
O português é conhecido como a língua de Camões, homenagem ao célebre escritor português que escreveu Os Lusíadas e A Última Flor de Lácio, expressão usada no soneto “Língua Portuguesa” no brasileiro Olavo Bilac. Miguel de Cervantes, da Espanha, costumava afirmar que a língua portuguesa é um idioma português “é doce e agradável”.
 
Não é raro nem difícil poder se expressar em português nos Estados Unidos, Canadá, China, Índia e pela proximidade dos fonemas com o espanhol, em todas as nações de língua hispânica; também pode se falar português em Andorra, Luxemburgo, Suíça e África do Sul, isso porque nestas nações eles também afirmam que a nossa língua é uma de suas línguas minoritárias faladas.
 
Tentar explicar como ela surgiu, como ela espalhou-se pelos quatro cantos do mundo, como ela se mantém tão forte e tão falada; como ela tenta sobreviver após tantos acordos ortográficos ou por quem é falada hoje, pode se uma tarefa muito maior do que um simples texto escrito por mim. A língua portuguesa que eu vejo sendo expressa e escrita aqui no Brasil, não é a mesma exatamente que sempre notei em Portugal; as diferentes vertentes que ela possui no mundo inteiro a distingui entre o vértice brasileiro e o português; é fácil saber se as pessoas que falam o português em qualquer lugar do mundo pertencem ao grupo de americanos ou de europeus.
 
Os termos, as formas de escrita e o falar de cada um deles apresentam uma variação ou uma mudança; tentar unificar isso tudo, sempre foi e sempre será uma tarefa babilônica ou mais um pilar da Torre de Babel; cada povo se orgulha de seu jeito de falar ou de escrever e acham que eles são os que falam correto. Qualquer acordo ortográfico que mude o sentido próprio da escrita terá resistência, seja em Portugal, seja no Brasil; exigir e punir quem não o siga, pode se tornar a mais nova covardia da atualidade.
 
Em Portugal eles rechaçam piamente qualquer forma de interferência; acham que o seu modo é o mais antigo, clássico e originário; no Brasil, apenas alguns poucos intelectuais afirmam terem aderido ao mais novo acordo, mas em modos práticos, o que vemos e ouvimos é a mesmice de sempre. O Brasil é o maior interessado nisso tudo, porque é aqui onde têm o maior número de falantes da língua romântica, mas não há como negar que mesmo no Brasil há centenas de formas e sotaques. Muitas vezes não conseguimos entender nem bem o nosso próprio povo, imaginem querer que o mundo português nos entenda?
 
Nesta batalha do rochedo com o mar; pelo visto, somos nós, pobres mortais, os mariscos...!
 
Nesta etapa chegamos ao penúltimo país que tem a língua portuguesa por oficial; São Tomé e Príncipe e Timor Leste serão os dois que falaremos de uma única vez, na próxima edição do: “aqui também se fala português”.
 
Até a próxima viagem; a deliciosa viagem dos caminhos da nossa língua portuguesa...!
 
 
Carlos Henrique Mascarenhas Pires
www.irregular.com.br
 


CHaMP Brasil
Enviado por CHaMP Brasil em 04/10/2009
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