ESCREVER NÃO É NADA DE MAIS, É DEMAIS!

“Acho escrever um sofrimento, na verdade, eu nem gosto. Pode ter certeza! Nunca sento e digo: vou escrever. A escrita que chega a mim e me faz sentar para pô-la em prática por imposição de um pensamento súbito!”

De fato confesso que não gosto, ou melhor, detesto o uso de palavras difíceis. Seja ela qual for. Entre o texto e o escritor, existem duas coisas: o leitor a comunicação! A glória de um texto é quando ele consegue falar, embora o assunto seja diverso e o objeto já tenha sido tratado. Tanto os escritores clássicos, como os novos escritores, sempre precisaram de palavras nuas. Não consigo entender porque alguns deles vestiram e vestem as letras com uma mortalha estampada. Certo dia havia falado sobre isso com uns amigos escritores que gostam de escrever mais rebuscadamente, por razões diversas, claro. É o estilo deles. Aceito, mas não gosto!

Afinal, o que importa o sabor que sinto a não ser pra mim?

No século XXI é muito difícil escrever, pensar, falar... como disse Mário Quintana: “os clássicos escreviam tão bem porque não tinham os clássicos para atrapalhar”. Hoje em dia se torna complicado achar sobre o que escrever. Quase tudo já foi dito. O que ainda falta é um desconhecido que anda por aí invisível. A tarefa dos escritores atuais é explorar. Já falei muito sobre o inédito, mas também já falei sobre coisas tratadas. É comum eu escrever sobre algo e depois encontrar alguém que já havia falado sobre aquilo. É aí que rasgo o meu papel. Fico imaginando, o que será dos escritores do século XXIX? Talvez um romance alienígena caia bem!

Agora, uma vez escrever sobre a escrita é algo que nunca se findará. Uma escrita melhor é sempre o caminho a ser perseguido por quem deseja sempre escrever. O fato é que palavras difíceis nunca mudam o rumo de nenhum pensamento, só o complica.

Por isso, findarei estas letras com o poema do poeta potiguar, Henrique Diógenis:

CONFUSÃO: MAS TUDO BEM, EU EXPLICO!

No clangor tonitruante laringítico

Da cobiça concupiscente,

Entornam hachuras nos côncavos

De cavilação permanecente!

Loução lúbrico da lúgubre defenestração,

Ignóbil iluminura de uma estugar

Penúria da apoplexia exógena!

Assim é:

A magnificência ornamental de veredas pútridas!

- Por que fiz isto, se simplesmente poderias ter dito apenas:

“grita-se alto: a falsidade humana é infinita,

Por isso viver se torna cada vez mais um ato sanguinário!”

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

De preferência, repetir mil vezes uma mesma palavra

A dizer dez mil delas que não se entenda alguma!

E não é cochilo gramatical,

É apenas o desejo de ser compreendido claramente,

O desejo de falar com a certeza

De se encontrar ouvidos abertos!