Se sou daqui, não sou daqui.
Lá estava eu estampada no cenário deles. Eu, meu cigarro e um pouco da bebida que não era minha, mas depois virou.
Áquela hora não me pertencia mais o olhar, porque esse já não pertencia a ninguém. Ele estava longe e baixo, sob minhas pálpebras caídas e corria varrendo o chão - nada mais que o chão forrado por um tapete mostarda liso na sala de estar.
Eu vivo num constante conflito comigo. Meu silêncio briga com a minha vontade de gritar, meu corpo não obedece minha cabeça e, meu coração expulsa gente de dentro como se adotasse um governo exclusivamente aristocrático.
As minhas idéias e eu somos uma só coisa cheirando à revolução, porém deslocando-se de todo o resto. Uma coisa atrativa, mas morna: ph neutro; pizza doce; tarde nublada.
Cheguei até a pensar ter vindo acidentalmente pr'essa vida. Se sou daqui, não sou daqui - persisto pra mim.
Devo ser estrela de outro céu; lanterna de outra estalagem; personagem de outro drama; musa de outro Caetano.