Carnaval verde e amarelo

O Disfarce preferido do governo vem em trajes esportivos. Copa do mundo em 2014, Jogos Olímpicos em 2016 como se tudo estivesse mesmo pra festa, e toda a expectativa de que o Brasil está mesmo preparado pra essa redoma dos altos investimentos (à ilusão do retorno).

A justificativa é sempre a mesma, eventos deste porte causam rendas extras a donos de hotéis, restaurantes, e todos os derivados que se encontram a mercê do turismo, paradoxalmente, um barato turismo, onde a aparência é, na verdade, a principal cordialidade do brasileiro.

Nessas horas o paraíso tropical se torna o lugar preferido, aliás, o patriotismo fica à flor da pele, camisas, bandeirinhas, buzinas, e todas as alegorias bem típicas do conceito flagelado do sentimento de nacionalidade, eis que surgem os brasileiros “com muito orgulho, com muito amor”.

Ver o Brasil nas telas do mundo melhorará o quê na fome, desemprego, nos índices de analfabetismo, na falta de escrúpulo dos políticos escancarados em nossos periódicos? Vergonha na cara não se compra com Olimpíadas, crescimento econômico, desenvolvimento, estabilidade, diminuição de dividas externas, e valores subjacentes não se fazem em copas do mundo. Se fazem com valorização do ser humano, com investimentos necessários para que o brasileiro cresça, e deixe de lado sua fadiga miserável e desesperançosa.

Para os estrangeiros a terra continuará sendo o lugar do samba, das lindas mulatas, do futebol, e da imagem que será tantas vezes revisitada ao lembrar da Terra de Vera Cruz, afinal, é tudo muito simples, o ostentação das futuras construções que gastarão rios de dinheiro, servirão como a fantasia principal deste carnaval verde e amarelo.

Neste momento o brasileiro não precisa ser otimista e dizer com orgulho que o lugar onde mora será sede dos eventos esportivos mais bem requisitados, onde o governo investirá cerca de 16 milhões em estruturas viáveis para a curta atuação destes protagonistas.

O NÃO a estes eventos seria a maneira mais honrosa de dignificar os brasileiros, de fazer com que toda a verba destinada ao teatro canarinho, viesse a ser investida no aumento do salário mínimo, nas condições de vida de José e Maria que trabalham noite e dia para manter a família, na educação, no crescimento valorativo e moral do nosso povo que caminha a passos lentos num lugar que só cresce aos olhos dos mercenários, dos corruptos, do elitismo.

Nós merecemos eventos como estes SIM, mas quando o Brasil estiver primeiramente preparado para festejar as melhores condições de vida de seu povo, do trabalho digno, da barriga cheia, do país que os políticos escolhidos por nós sejam mais honestos, e os seres humanos aprendam a viver em sociedade, sem a cruel violência que nos é apontada dia-a-dia pela falta de respeito ao próximo.

Que o verde estampado em nosso país sirva - pelo menos- para revigorar a esperança de muitos brasileiros deixados à beira do esquecimento, da falta de coragem, do preto e branco de seus dias.