Um velho sonho realizado

Ontem realizei um veeelho sonho -- fui assistir, ao vivo, a um espetáculo do Cirque du Soleil: Quidam.

Fiquei mais do que admirada e emocionada, do começo ao fim. Fiquei como que sob efeito de algum vinho muito especial, me senti leve, como se estivesse dentro de um sonho lírico, muito belo, desses que alteram nosso estado de consciência e nos proporcionam muitas sensações e emoções indescritivelmente prazerosas.

Eles realizam proezas impossíveis! Beiram a magia, de tão impecáveis e precisos que são. Deixam nossos queixos caídos com tanta sincronia e perfeição, frutos óbvios de muita disciplina e trabalho, além de um imensurável talento e criatividade.

Tudo no espetáculo é impecável -- cenário, luzes, figurinos, maquiagem, música e "coreografia" de muitíssimo bom gosto e que, tudo combinado, atinge esse efeito lindamente lúdico e maravilhoso. Alternam com perfeição o humor, a habilidade acrobática e o romantismo, com cenas de uma intensa suavidade lúdica e onírica intercaladas com vários clímaxes exuberantemente enérgicos, com ritmos e compassos rigorosamente bem equilibrados e jamais quebrados, como numa grande e bela sinfonia.

Impressiona, sobretudo, a capacidade dos bailarinos-atores-acrobatas de executarem atos e movimentos que exigem extraordinário esforço e preparo físico, mas de um modo tão suavemente leve e elegante como num balé muito bem elaborado, que desafia a gravidade e nos encanta e arrepia até a alma!

Ressalto a qualidade ímpar das músicas, composições próprias e executadas com perfeição por uma pequena orquestra ao vivo, sendo ainda esses mesmos músicos responsáveis pelos competentíssimos efeitos sonoros que, assim como a luz, servem como marcação aos exercícios muito complicados e milimetricamente sincronizados.

E não posso deixar de mencionar a fantástica organização e qualidade de todo o aparato técnico, que vai da montagem da belíssima e imensa lona, com seus equipamentos de luz e dispositivos de acrobacia, à disposição de geradores, banheiros químicos, setorização de espaços de apoio técnico e de vendas de lembranças e guloseimas. Parabenizo ainda o pessoal muito bem treinado e eficiente no atendimento e na condução do público às várias entradas e setores da platéia. Tudo lá respira e transpira profissionalismo. E da mais fina qualidade.

O Cirque du Soleil reinventou o velho circo mambembe, tirando de cena a exploração dos pobres animais escravizados e o grotesco das aberrações humanas com finalidades cômicas, mas que a mim sempre me pareceram apenas patéticos e entristecedores, que me desculpem os que admiram tais coisas.

Com essa trupe ultraprofissional e competente, o circo ganhou a dimensão de Arte finíssima que nos fala diretamente ao espírito através dos sentidos, embriagando-nos com tanta beleza e encharcando-nos de encantamento e alegria.

Valeu a pena -- e como valeu! -- ter economizado tanto pra poder pagar o bem salgado ingresso.

Na próxima oportunidade, se os deuses das artes e dos grandes prazeres permitirem, estarei lá novamente. E tenho certeza de que ficarei igualmente encantada e maravilhada.

:)

Maria Iaci
Enviado por Maria Iaci em 04/10/2009
Reeditado em 04/10/2009
Código do texto: T1847228
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