Final Melhor Impossível!!!
Como boa criatura estudante de biologia que sou, um dos tipos de programa que mais gosto são aqueles relacionados à natureza. Dentre esses um dos que mais pratico são as trilhas. Ser moradora do rio ajuda muito... existe uma infinidade de ótimas trilhas para se percorrer por aqui.
Em uma dessas, eu, Gu, Ale e Vê fomos percorrer a trilha para o Tijuca Mirim, na floresta da Tijuca. Então, em pleno domingo, bem cedo acordamos e fomos para a sede de turistas, de onde se iniciaria a trilha acompanhada por guias. Nunca tínhamos feito nenhuma trilha guiada antes. Normalmente juntávamos um pequeno grupo com alguém que já conhecesse a trilha e íamos. Mas resolvemos fazer diferente nesse dia.
Depois que todas as pessoas que estavam marcadas para ir nessa trilha chegaram, o guia nos encaminhou para uma área aberta onde todos nos reunimos e fizemos uma roda. E que surpresa a minha quando percebi que a roda estava enorme! Comecei a contar 1,2,3... umas 30 pessoas! Das mais variadas idades (de 11 a 65 anos), dos mais variados paises (tinham pessoas que só falavam espanhol e outras que só entendiam inglês) ... enfim, um grupo enorme!
O guia começou então a explicar como seria a trilha, o grau de dificuldade, e a interagir com a pessoal, perguntando quem já tinha feito trilha antes, quem já conhecia o parque e a explicar todas aqueles procedimentos de segurança. Quando ele começou essa parte ele pediu dois voluntários, um homem e uma mulher. Pra minha gigantesca sorte eu estava bem longe do Gu e do Ale (tinha me misturado ao grupo no meio da roda), mas a Vê não teve essa sorte. No exato segundo em que o guia pediu para os voluntários darem um passo a frente o Gu e o Ale se olharam e com a Vê bem no meio deles, os dois ao mesmo tempo a empurraram para o meio da roda. Mas eles empurraram tão forte, que a Vê quase caiu, e foi tropeçando até quase o meio da roda certinho! Todo mundo ficou meio espantado. Eu comecei a rir. O guia perguntou pra Vê se algum daqueles dois era amigo dela. A Vê respondeu que sim e apontando pro Ale falou: Aquele ali é o meu namorado! Todo mundo então começou a rir pela cara que a Vê fez e pelas gargalhadas que o Gu e o Ale davam.
Depois de uma encenação sobre alguns métodos de sobrevivência na selva, fizemos alguns exercícios de aquecimento e partimos pra trilha.
Começamos entre as pessoas do inicio da fila. Era bem legal! O guia ia explicando as dificuldades daquele pedaço, contando as lendas do local, o porque dos nomes das trilhas... Mas acontece que o Gu estava com um probleminha técnico. Quando começamos a caminhada, ele começou a soltar gases (mas eram muitos mesmo, por isso não dava pra escrever pum!). E a cada pessoa que “sentia” um odor estranho na trilha ele ia ficando mais para trás e deixando as pessoas passarem. Bom... acabamos sendo os últimos da fila de trinta pessoas! E ai o Gu foi ficando puto, porque com um grupo tão variado e com pedaços bem íngremes, tinha hora que a gente mal andava. E o Gu, todo metido a atleta (mas com aquele “panceps” enorme) começou a ficar chato.
E a subida continuou... lenta, mas hiper divertida. Teve uma hora em que paramos para descansar em frente a um paredão de pedras lindo e o guia resolveu fazer aquele joguinho de socialização de: Quem vc é, o que vc faz.... E as pessoas foram aos pouquinhos falando e tal. E chegou a hora de um casalzinho muito lindinho falar. Ele só falava espanhol e ela nem isso, só entendia inglês mesmo. Ele se apresentou, falou bonitinho com aquele sotaque e insistiu pra ela tentar fazer o mesmo. Ele disse: Eu vou te dizendo que palavras falar e vc repete. Ela topou. E começou a falar devagarinho : - EU... SOU... (olhou pro namorado) MOÇA ! E fez aquela cara de feliz, do tipo, eu consegui! Mas o resto do grupo ficou com aquela cara de: - Como assim? Eu mesma pensei: - Que ela e moça e não moço eu to vendo!!!!! E ai os dois perceberam que tinham dito algo errado. Ai o guia tentou explicar que o que ela tinha dito e que ela era (todo sem graça) virgem (mas eu juro que não tinha entendido isso). Ai o namorado corrigiu e falou pra ela a palavra certa que ela repetiu: EU SOU GARCONETE! E todo mundo: Ahhhhh... ta! E o namorado na mesmo hora falou : - Porque moça eu garanto que ela não é mais!
Ficou aquele silencio de três segundos e depois o grupo inteiro caiu na gargalhada. Ela começou a bater no namorado quando entendeu o que ele tinha dito, e gente ria mais ainda.
E continuamos a subida (no final da fila) e chegamos ao Tijuca Mirim. A vista é inexplicável, então não vou nem tentar descrever... vc tem que estar lá pra entender. Ficamos uma meia hora descansando lá em cima e depois iniciamos a descida com nuvens de chuva pairando sobre a gente. O Gu queria ir na frente, se separar do grupo, mas eu Ale e Vê não concordamos.
E como prometia a chuva caiu. O que torna a descida mais lenta e cuidadosa e o que fez o Gu ficar mais chato e implicante: - A gente vai mesmo ficar tomando chuva pra ficar com o grupo?
Poucos minuto depois, uma das senhoras do grupo (a que eu calculo ter mais de 60 anos) começou a passar mal. Como a descida tinha que ser mais lenta e estava escorregadia, as pernas dela não agüentaram o esforço. A descida então ficou mais lenta ainda. Só andávamos quando ela aguentava andar. E a chuva apertando. Chegamos então em uma clareira e guia tomou uma decisão. Ele ia separa o grupo... o grupo iria continuar a descida com o segundo guia, e ele iria ficar com a senhora. Ele só pediu para dois homens ficarem pois ele iria precisar carregar a senhora ate uma estrada onde um carro de resgate pudesse chegar. Eu na hora olhei pro Gu. E ele entendeu e fez que sim com a cabeça. Sem menosprezar os demais homens do grupo, mas ou eles eram senhores ou adolescentes. O Gu o Ale e eu éramos escoteiros juntos, e os dois de longe eram os que tinham melhor condição de socorrer a senhora. Então falamos com o guia que a gente ia ficar. Quatro de nós levaríamos a senhora em uma cadeira improvisada com cajados (usados por algumas pessoas para fazer a trilha) e casacos e o que sobrasse levaria as mochilas. E foi o que fizemos ate chegar na estrada, onde logo um carro chegou para buscar o guia e a senhora.
Nos quatro terminamos de descer a estrada a pé, e como recompensa pela nossa boa ação, tivemos o prazer de ver um grupo de uns 20 quatis passarem na nossa frente. O Ale começou a chamar um deles como se fosse uma galinha, e o grupo todo veio pra cima da gente pra ver o que ia ser oferecido a eles ( mas mantendo um boa distancia é claro).
Foi um dia muito legal e cheio de boas surpresas. E que terminou literalmente às 5 da tarde em pizza!!! Pois estávamos até aquele horário, sem comer direito. Saímos de lá correndo e fomos para um rodízio de pizza. E depois de tantas aventuras em um dia, melhor final de historia.... impossível!!!!