DIÁLOGO ENTRE UMA PSICÓLOGA E UM POETA VIRA-LATAS
- Oi poeta-vira latas, tudo bem? Escrevendo muito ainda?
- Não. Parei. Meu verso virou prosa e a prosa virou desgosto. E você, ainda estudando muito a mente humana?
- Sim. Mas você fazia muito bem isso com seus versos.
- Sei! Você também já escreveu muitos versos meus. Não te lembras que a ti já disse que teu beijo é doce.
- Assim você me envergonha.
- Não, sem essa! Um filho começa da transa entre a cabeça e o coração/ o gozo da alma e o prazer da emoção/ nenhum filho vem de cegonha / mulher, só presta sem vergonha/ mas amando com devoção!
- Você se cuide, poeta cachorro! Sempre com seus versos a cantar e encantar, hein seu danado!
- O que seria de mim sem eles?
- Adoro-os! Mas queria te perguntar uma coisa.
- O quê? Pergunte.
- Porque as pessoas são tão possessivas? Porque se acham donas das outras?
- Ora, porque não conseguem ser donas de si mesmas!
- Humnnn!... olhar o outro é bem mais fácil do que olhar para si, né?
- O egoísmo, sentimento inato a nós humanos, grita: “ei menino, para você provar que você “é”... alguém tem que se render a você, ser submisso a ti, uma forma de provar para si mesmo que seu corpo depende de um poder sobre outro corpo!”
- Ah... Pode crer. Verdade! Às vezes o ser humano se acha o diferencial na vida de alguém e quando vê que essa outra pessoa consegue andar com as próprias pernas, vê o quanto é pequeno.
- Por aí... até por experiências próprias constatei isso, mas me analisando, consegui mudar essa coisa em mim, entretanto, já tive minhas possessões exarcebadas
- Até que com namorado faz tempo que não tenho isso... também já nem sei mais o que é namorar sério (rsrsrsrs). Faz tempo, pense! Ando só ficando.
- Com quem?
- Ah... médicos, doutores, dentistas, advogados e de vez em quando uns borracheiros e garçons bem sarados de corpos malhados e coisa e tal.
- Não tem vaga para um poeta sujo, barbudo e gordo, mas de doces palavras que encantarão teu coração e fará você perder a cabeça?
- Não! Nunca! Jamais! O poeta ama, mas não sabe ser amado. É muito possessivo por si mesmo.
- Bem, falo da possessão em relação à amizade! Às vezes penso que todo mundo é pra andar com as próprias pernas e se foder sozinho. Depois querem que eu fique aqui pra juntar os cacos. Como já conheço meus limites, e estando “demais”, prefiro me afastar. É o melhor a fazer, porque se não, faço merda: Jogo giletes no ventilador e quem quiser que saia do meio.
O papo findou por aqui. Cuidado, quando resolver entrar no caminho de alguém. Por favor, entre sem algemas!