OLIMPÍADAS BRASILEIRAS
Como todo brasileiro não pude deixar de torcer hoje para que o Brasil vencesse em Copenhagen a disputa com outros países para ter o direito de sediar as Olimpíadas de 2016. Como toda pessoa realista não pude deixar também de me preocupar caso isso acontecesse.
E não é que o Brasil venceu Tóquio, Chicago e Madri? Contrariando a tudo e a todos, nosso Brasil brasileiro terá a honra de receber países do mundo inteiro para as Olimpíadas e – diga-se de passagem – muito trabalho pela frente. Nosso maior trunfo foi o argumento de nosso Presidente Lula em lembrar que a América do Sul nunca teve esse privilégio, enquanto a maioria das Olimpíadas sempre se realizou nos países europeus. “Yes, we can!” (But... really?) Bem... O fato é que paralela às comemorações, surgem as preocupações com a violência em nosso País... Sem falar nos investimento, que atingem várias cifras, especificamente milhões que devem sair dos recursos brasileiros (leia-se impostos, contribuinte, nosso bolso) para a concretização desse sonho e para estar à altura das expectativas e exigências dos organizadores.
Sempre fui de ver o “copo meio cheio”, mas diante de tantas adversidades, corrupção e roubalheira, não pude deixar de pensar em quanta água rolará por debaixo da ponte até a data prevista para a realização desse mega evento. Será que os problemas de violência serão resolvidos? Será que os investimentos não se perderão nas contas bancárias de políticos inescrupulosos? Será que não “pagaremos o maior mico” diante das lentes de emissoras de TV de todo o mundo? Será que os turistas terão segurança suficiente para prestigiar esse acontecimento? E nós? Realmente podemos comemorar?
Ao ouvir a notícia no telejornal, não pude deixar de relacionar essa informação com outro episódio comentado logo em seguida. A notícia relatava a morte de um bebê que falecera após levar um tiro enquanto estava no colo do pai. Independente das razões para o crime que ainda estão sendo investigadas (supõe-se que o pai devesse dinheiro ao tráfico), um inocente pagou com a vida por um erro que não cometeu. Isso só reforça a preocupação que deve ser de todo brasileiro, ou seja: se hoje, não há as mínimas condições para que o próprio povo possa circular com segurança, imagine com estrangeiros em número maior durante as Olimpíadas.
Não quero ser desmancha-prazeres, mas tão somente registrar a minha preocupação com essas e outras questões que também devem ser repensadas. Se somos brasileiros e não desistimos nunca, também não desistamos de exigir o mínimo a que temos direito como cidadãos. Só não nos conformemos com o típico jeitinho brasileiro de resolver as coisas. Assim não dá.