A Cidade Está Tranquila
Não gosto de fllmes tristes. O enredo pode até ter algumas situações deprimentes, mas se não me oferecer um final catártico, costumo sair do cinema incomodada. Um filme que odiei foi Seven. O filme é genial, o perfil do assassino e dos detetives, muito bem construído, os crimes, de uma criatividade fantástica... Mas o final me irritou profundamente, pela vitória do mal.
Não é que eu faça questão de um final feliz, mas creio ser necessário oferecer ao público um raio de esperança em meio a todo o sofrimento. Há alguns anos, assisti A Cidade está Tranqüila, de Robert Guédiguian. O inquietante filme francês retrata personagens que vivem na Marselha de 2000 e cujas vidas se entrelaçam numa trama densa, abordando problemas cotidianos muito pesados: desemprego, prostituição, drogas, racismo...
Passa-se todo o tempo com as feições tensas, diante do drama familiar da mulher que tenta cuidar da neta, enquanto a filha se prostitui para sustentar o vício das drogas. Igualmente preocupante verificar o situação que leva um senhor desempregado em desespero, a engajar-se à equivocada causa da exacerbada xenofobia que produz tantos crimes de ódio por todo o mundo. A angústia de perceber que, diante de situações extremadas, aqueles que poderiam dar um apoio, reduzir o sofrimento alheio, ao contrário, tiram partido da situação.
As situações vão se resolvendo para o bem ou para o mal durante o filme. A maioria delas para o mal.
Mas ao final, realiza-se o sonho de uma criança cheia de talento, de maneira até surreal. Diante de todo o resto a nos mostrar que não há muito mais esperança para todos nós, este desfecho chega a ser uma catarse insignificante, mas é de uma leveza tão poética e doce que retira de nossas costas toda a carga deixada pelas imagems cruas da infinita miséria humana.
De certa forma, assim é a nossa vida. Quando o mundo parece estar todo ruíndo à nossa volta, nos agarramos à poesia de um momento, uma paixão, um ideal. De repente, todo o resto perde a força, diante da beleza de um sonho realizado, de um trabalho bem feito, de um amor correspondido. Somos capazes de sentir o perfume da flor no lixo e, embriagados desse aroma primaveril, esquecermos todo o caos e a podridão que nos cercam.
Não gosto de fllmes tristes. O enredo pode até ter algumas situações deprimentes, mas se não me oferecer um final catártico, costumo sair do cinema incomodada. Um filme que odiei foi Seven. O filme é genial, o perfil do assassino e dos detetives, muito bem construído, os crimes, de uma criatividade fantástica... Mas o final me irritou profundamente, pela vitória do mal.
Não é que eu faça questão de um final feliz, mas creio ser necessário oferecer ao público um raio de esperança em meio a todo o sofrimento. Há alguns anos, assisti A Cidade está Tranqüila, de Robert Guédiguian. O inquietante filme francês retrata personagens que vivem na Marselha de 2000 e cujas vidas se entrelaçam numa trama densa, abordando problemas cotidianos muito pesados: desemprego, prostituição, drogas, racismo...
Passa-se todo o tempo com as feições tensas, diante do drama familiar da mulher que tenta cuidar da neta, enquanto a filha se prostitui para sustentar o vício das drogas. Igualmente preocupante verificar o situação que leva um senhor desempregado em desespero, a engajar-se à equivocada causa da exacerbada xenofobia que produz tantos crimes de ódio por todo o mundo. A angústia de perceber que, diante de situações extremadas, aqueles que poderiam dar um apoio, reduzir o sofrimento alheio, ao contrário, tiram partido da situação.
As situações vão se resolvendo para o bem ou para o mal durante o filme. A maioria delas para o mal.
Mas ao final, realiza-se o sonho de uma criança cheia de talento, de maneira até surreal. Diante de todo o resto a nos mostrar que não há muito mais esperança para todos nós, este desfecho chega a ser uma catarse insignificante, mas é de uma leveza tão poética e doce que retira de nossas costas toda a carga deixada pelas imagems cruas da infinita miséria humana.
De certa forma, assim é a nossa vida. Quando o mundo parece estar todo ruíndo à nossa volta, nos agarramos à poesia de um momento, uma paixão, um ideal. De repente, todo o resto perde a força, diante da beleza de um sonho realizado, de um trabalho bem feito, de um amor correspondido. Somos capazes de sentir o perfume da flor no lixo e, embriagados desse aroma primaveril, esquecermos todo o caos e a podridão que nos cercam.