Alguem que bate a nossa porta!

Estava tudo escuro, mal podia enxergar o teto, a parede, o sofá encostado no canto, a escrivaninha, qual é mesmo o nome daquele negócio que acende a luz? Mal podia enxerga-lo também, mesmo sabendo que ele brilha e emite luz no escuro, também não o via, não dava pra ver as pessoas que estavam lá, só ouvi-las, não podia ver o que elas carregavam embaixo dos braços, mal podia ver.

Diante da escuridão a gente tem a sensação de ter que andar, procurando uma luz que nos faça ter alguma direção, comecei a andar, me choquei com o sofá, girei o braço e quebrei o abajur agora é que não vejo a luz, se pudesse correr correria mas a sensação de que poderia cair mais feio ainda não me deixava "arriscar", continuei a caminhar mais devagar, dei algumas risadas daquela situação, comecei a chorar, queria desistir não conseguia sair dali, esbarrei em algo que fez um barulho de... de que quebrei alguma coisa, me feri, me machuquei, ficou a cicatriz, comecei a andar de novo, machuquei mais algumas vezes, no escuro parece que tudo é muito maior do que se imagina, daí já sabe né, parece uma eternidade e tudo escuro.

Não aguentava mais, meus olhos não me serviam de nada, procurava...procurava e procurava nada encontrava, e o pior, aqueles ruídos, as conversas da pessoas já não chegavam aos meus ouvidos, era tudo o que eu tinha, tentar me deixar guiar pelas "vozes", já não via nem ouvia, como nos filmes quando alguem fala: Não pode ficar pior, mas ficou, tudo que eu tocava já não fazia diferença era tudo uma coisa só, então já não só a escuridão, eu não via, não escutava e sequer sentia o meu tato, continuei a andar, sequer sabia se andava em círculos o tempo todo ou andava para lugar nenhum, vieram mais cicatrizes, a dor eu sentia, o medo cada vez mais me amedrontava.

De tanto andar parei e sentei, comecei a pensar, esqueci de muita coisa, só sabia o nome pra falar a verdade, sabia do amor, da saudade, da amizade os nomes eu sabia mas aquela sensação que cada uma dessas coisas faz em mim nada, levantei e comecei a voltar atrás, estava cansado, sobrecarregado de tanta coisa, não "me funcionava bem" não sentia, não via, não ouvia e tinha me esquecido do mais importante, então pensei, não vou conseguir sozinho!

Comecei a escutar de novo, era um Toc Toc que vinha de algum lugar, mas era uma porta que estava sendo batida, então gritei com toda a minha força já que não sabia de onde vinha e de qual distância, ninguem respondeu...Toc Toc...

Gritei de novo: Quem é?

E nada!

Mudei de idéia, com tudo aquilo que ainda existia em mim, com toda a força, gritei mais uma vez: Pode entrar!

A porta se abriu, uma luz forte, encantadora, que me brilhava os olhos transformou tudo que existia ali, então um homem me disse:

Eu sou Jesus, deixe que eu te conduza!

As minhas feridas foram curadas, vi as pessoas, ouvi os pássaros comecei a sentir novamente, olhei para tras aquele homem que mudou minha vida não estava ali, apenas algo no chão, me aproximei, uma pequena cruz e um bilhete:

Estarei sempre contigo, só preciso que permita que eu fique!

Gabriel Antunes Ferreira
Enviado por Gabriel Antunes Ferreira em 02/10/2009
Reeditado em 25/11/2010
Código do texto: T1843639
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