Um Dia de Chuva
Certa vez durante um encontro de amigos, não pude deixar de notar como estava um dia de sol forte, o tempo foi modificando-se muito bruscamente, e quando menos imaginávamos começou a aparecer a primeiras gotículas de chuva, rapidamente ela se tornou intensa.
Embora tudo estivesse mais escuro, nós sentimos que a brisa trazia um tempo diferente, o cheiro de terra molhada mal nos deixava concentrar no quê quer que fosse, fiquei me imaginando correndo o mundo diante de uma chuva destas, e de como seria gostoso estar ali, imaginei que o mundo inteiro desejava como eu estar sobre aquela chuva. Fiquei pensando que todos nós passamos a vida desejando...
Desejamos tanto que acabamos não vivendo nada, embora no meu caso não pude cair naquela chuva por que tinha passado por um episódio de pneumonia, o que me impediu de cair literalmente naquela chuva...
Imaginei quantos não se proporcionaram este prazer por medo de molhar a roupa, por medo de estarem pagando um “mico”, por medo de serem reconhecidos como “maníacos da chuva”.
Temos medo das reações das pessoas e principalmente das nossas reações. Porque os nossos desejos não se transportam da nossa mente para nossa vida? Para alguns, talvez, a nossa necessidade de realizar desejos sejam maior que a de fome, sede, sono, ou qualquer outra necessidade física, os desejos são a expressão da necessidade de nossa alma, podemos estar bem fisicamente, mas com a alma circundada pela falta da realização dos nossos desejos.
Muitas vezes realizamos os desejos de entrar na faculdade, de sermos bons profissionais, ou até mesmo o desejo de ter alguém, isso até nos impõe uma fantasia de estarmos realizados quanto ao que acreditamos serem nossos desejos, mas os nossos desejos reais são os mais ocultos, ninguém os sabe, e é isso os que os tornam significantes para nós.
Eu não tenho o poder de realizar o desejo de ninguém, mas gostaria que as pessoas exercesse o seu poder de realizar seus próprios desejos.
Gostaria que todas as pessoas que desejaram estar na chuva realizassem o seu desejo. Imagino, agora, que faríamos uma grande festa nesta chuva chamada VIDA.
Cyrlene Rita dos Santos.