1966
Iniciação à arte de Pelé
Era 1966, primeiro semestre e eu com nove anos de idade. Acho que era o campeonato paulista, ou então um amistoso.
Morávamos no Cambuci e fomos de DKW até a Mooca, quando a rua dos Trilhos ainda tinha trilhos e todas as ruas duas mãos.
O São Paulo jogaria com o Juventus na rua Javari e meu pai me levou para ver nosso time que tinha Picasso no gol, Bellini e se não me engano Paraná, Terto e um tal de Zé Carlos. Ainda se não me engano tinha Babá, Jurandir...
Se não me lembro direito do resto do time do São Paulo, que dirá do time do Juventus.
Foi uma iniciação.
Mais que uma iniciação um deslumbramento ao ver que, diferente da televisão, o gramado era verde, o estádio tinha placas publicitárias coloridas e a camisa do Juventus uma cor incrível. Como dizia a Hebe Camargo na época: “pena que a nossa televisão não seja a cores”.
Tempos em preto e branco.
Foi também a preparação para ver Pelé jogando, antes do desastre da copa de 66, sim, porque para admirar a arte do gênio era necessário que um moleque de nove anos visse ao menos como jogavam os outros.
Já naqueles anos todo mundo procurava um substituto para o Rei e eu elegi o tal de Zé Carlos do São Paulo, rápido, driblador. Parecia que corria inclinado para a direita e mantinha uma derrapagem controlada. Ajudou muito no 3x0 sobre o Moleque Travesso.
Até que um dia eu vi Pelé jogando contra o meu São Paulo.