Mente Vazia
"O homem responsável pelo roubo de 22 quadros em 1998, na cidade de Vinhedo, SP, passou dez anos na prisão planejando a venda das obras. Segundo o Departamento de Investigações sobre Crime Organizado (Deic), o criminoso contou que, logo após roubar as telas em uma residência, foi preso e, durante uma década, leu centenas de livros de arte para planejar a venda das obras. Ele acreditava que tinha uma fortuna nas mãos.
Enquanto o assaltante estava na prisão, o primo dele fotografou as obras e entrou em contato com vários marchands do país. Porém, o primo morreu de um infarto e, só quando saiu da prisão, no meio deste ano, o criminoso começou a organizar a venda das obras.
O homem, contudo, envolveu-se em uma confusão com a PM e foi preso novamente. Ele, então, confessou o crime e, segundo o Deic, teria dito que havia se livrado de uma “maldição” porque - durante o tempo em que esteve preso – o primo, o pai e o avô dele morreram. O proprietário das obras também morreu." (fonte: G1)
Desculpem o clichê no título, mas é minha paixão por ditados populares. Dentre outras paixões, gosto também de criticar o sistema, o que não é muito difícil quando estamos falando de Brasil.
Eu adoro pensar nos problemas brasileiros. Um dos meus preferidos é o sistema penitenciário. É um daqueles problemas que você pensa que tem uma saída muito simples: ‘é só instituir os trabalhos forçados’. Daí você começa a pensar que não adianta colocar todos os presos do Brasil para trabalhar. É preciso, também, evitar que pessoas cheguem a uma situação em que ‘precisem’ cometer crimes. Aí a gente vai ter que pensar em emprego, educação, política, políticos, eleições…
E o texto vai ficar muito longo; um imitador barato de um tratado amador de sociologia. E ninguém vai ter paciência nem interesse em ler. E eu vou ficar puto por ter perdido tempo pensando numa situação que ninguém quer nem pode mudar e mais tempo escrevendo sobre um problema que, além de imutável, quer ser esquecido pelas pessoas. Afinal de contas, convenhamos: é muito mais importante tentar entender por que aquele rapaz lindo não me deu bola, se eu também sou linda (ou pelo menos inteligente, ou pelo menos legal, ou engraçada, ou sei colocar a língua no queixo).
"Enquanto suturava um ferimento na mão de um velho gari (cortada por um caco de vidro indevidamente jogado no lixo), médico e o paciente começaram a conversar sobre o país, o governo e, fatalmente, sobre o Lula.
O velhinho disse:
- Bom, o senhor sabe, o Lula é como uma tartaruga em cima do poste…
Sem saber o que o gari quis dizer, o médico perguntou o que significava uma tartaruga num poste. E o gari respondeu:
- É quando o senhor vai indo por uma estradinha, vê um poste e lá em cima tem uma tartaruga tentando se equilibrar. Isso é uma tartaruga num poste.
Diante da cara de interrogação do médico, o velho acrescentou:
- Você não entende como ela chegou lá. Você não acredita que ela esteja lá. Você sabe que ela não subiu lá sozinha. Você sabe que ela não deveria nem poderia estar lá. Você sabe que ela não vai fazer absolutamente nada enquanto estiver lá. Você não entende por que a colocaram lá. Então tudo o que temos a fazer é ajudá-la a descer de lá, e providenciar para que nunca mais suba, pois lá em cima definitivamente não é o seu lugar!"
O site de onde copiei esta piada dizia: "Lembre-se disso em 2006…"
O importante é ter em mente que a situação vai piorar, sempre. Só assim não vamos nos decepcionar à medida que os governantes se sucederem sem que nenhum deles faça nada para mudar a situação.
N.E.: O verbo lá em cima é precisar, mesmo. É minha visão permissiva.
Este adjetivo, permissivo, vem da expressão ‘visão permissiva da língua’, que eu uso para definir a opinião de pessoas que acham que o importante da linguagem é a comunicação. Segundo estas pessoas, quem diz ‘a gente fomos’ está certo no sentido em que a mensagem foi passada e todos entenderam que ela e outras pessoas foram a algum lugar ou foram alguma coisa. Estas pessoas que pensam assim cismam em dizer que errado vou estar eu quando não entender que ‘a gente fomos’ é igual a ‘nós fomos’ ou ‘a gente foi’.
Isso eu chamo de visão permissiva da linguagem. Depois de muito criticar estudantes de letras que têm esta opinião, descobri que eu tenho uma ‘visão permissiva da criminalidade’, a partir do momento em que eu entendo pretos que roubam. Acho que está é uma permissividade inerente a todos os descendentes de escravos que não tiveram direito a indenização; os ‘negro drama’ (Racionais MCs). Acho que não sou um negro drama, mas entendo meus irmãos.
Irmãos, que coisa americanizada!