ME DÊ UMA NOTÍCIA BOA!
O ano já passou da metade pro fim. Aí de mim!
Eu que vejo a vida com minhas lentes azuis. Sabe como é? Azul da cor do mar; azul da cor do céu... Espere um pouco. Acaba de se estatelar uma notícia ruim!
- Quem é?
“Filipinas está em estado de calamidade!” Santa barbaridade!
O tufão que varreu vidas por lá parece que resolveu nos visitar. Vestiu o traje de vendaval, montou seu cavalo espacial e passou espanando a poeira do temor que estava a cochilar. Acorda medo, e corre pra ver! Espia da janela o vento enlouquecido quebrando o telhado do vizinho. Relâmpago, trovão , granizo...Quebram os vidros. Minha coragem encontra-se em pedacinhos!
Um dia depois vem outro aviso: “Terremoto e tsunami em Samoa”. Meu vocabulário fica internacionalizado, minha cidade foi parar no noticiário. A notícia voa. Não mais do que a minha agonia. Acabo estudando fenômenos; lendo as nuvens; desentendendo o tempo; decifrando a meteorologia. Tento aprender... Terremoto? Deste nem quero saber!
Já sei como um furacão pode se formar. Sei diferenciar um ciclone de um tufão. Ora, tenho olhos (já vi os três) e fotos para provar.
Conhece a cor da desgraça? Não, não é azul minha filha. É cinza debruada de marrom. Com algumas listras douradas, quase laranja. Parece embalagem de bombom? Não tem graça! O céu vira carcaça!
As estrelas? São arrancadas. Devem ficar desligadas com medo de serem eletrocutadas
A lua? Dá uma espiada e logo foge. Sou capaz de apostar que está se enchendo de reza na casa de São Jorge.
O sol? Deixa claro que não tem nada a ver com o peixe. Mas desconfia que seja culpa do forró que se deu no oceano. Entre queimar sem ver, acha melhor se omitir, já que lá não pode entrar. Olhe por nós Iemanjá!
Estamos em estado de alerta. Se verdade ou mentira, o fato que a notícia é certa. O tempo vai mudar! Olha o céu. Ave Maria! Como irá terminar o que sobra deste ano?
Já choramos nossas perdas; sofremos as penas da tirania.
Já torcemos e perdemos; enfrentamos até pandemia.
O conselho que se ouve, diz pra ir levando a vida à toa.
Visto minhas lentes azuis e volto a ser otimista. Mas entre uma reza e outra, meu coração reivindica: Por favor, me dê uma notícia boa!