Um discurso mesquinho na defesa da conduta ética 

     Quando a oposição fala sobre o mensalão, sobre a corrupção desenfreada neste governo sempre os partidários do PT, tecem os seguintes comentários entre tantos “não foi provado que existiu mensalão; todos os partidos também fazem o mesmo; o que aconteceu foi caixa dois, coisa que todos fazem; os oposicionistas estão desesperados e ficam nesta de mensalão...” e vai por ai afora. 

     Eu fico de certa forma decepcionado com esta atitude dos partidários do governo ou do PT, porque eles acabam sendo muitos pequenos e de certa forma se tornam coniventes desta situação ou patéticos em querer justificar com estas colocações seja feito pela oposição, seja pela sociedade de um modo geral. 

     Quero abrir um parêntese falando de um outro assunto para depois usa-la como comparação. 

     A igreja católica foi acusada de omissão na época do nazismo, foi criticada pela sua atuação em relação a escravatura. No pontificado do papa João Paulo II, a igreja reconheceu seu erro e publicamente pediu perdão a humanidade. Desta forma se expôs ao julgamento, mas tirou um peso de suas costas. Pedir perdão é divino, perdoar depende do homem aceitar ou não. No entanto, aquele que reconhece que errou e pede perdão se sente mais leve independente a resposta do outro. 

     Agora voltando ao texto. O governo, os partidários de PT deveriam ter a mesma atitude da igreja, isto é, reconhecer que errou, que a ética tanto apregoada por eles se rascou, não existe, então passar a ter outra postura diante estas acusações, ou melhor, no mínimo parar com estas justificativas que soam mal. 

     Ao invés de ficar justificando o injustificável fala do governo, das realizações, do que de bom o governo tem feito e admite no silencio, se calando quando este tema for abordado. 

     Duas questões são fundamentais para que o eleitor possa ter como referencia um candidato que pleiteia o Poder Executivo. Um é o plano de governo, isto é, o que pretende realizar caso seja eleito, quais são as prioridades tanto do candidato quanto da sociedade, o outro requisito e referencial é a postura ética para o gerenciamento que lhe será atribuído, segundo cargo que irá ocupar. 

     Quem julga estes dois requisitos, quem lhe dá o aval é a sociedade. É a sociedade que vai através de seu volto decidir qual dos dois requisitos são mais importantes o projeto de governo ou a idoneidade do candidato. 

     Quando alguém está no poder e outro também pleiteia é evidente que tudo deve ser exposto, deve vir à tona, isto é democracia. Um candidato seja situação ou oposição precisa estar preparado para ser esmiuçado. O político é um homem publico, quem o remunera é a sociedade deste modo ela precisa ter todas as informações porque irá passar um cheque em branco aquele que for o vencedor. Numa disputa eleitoral tanto o legislativo, quanto o governo é espelho, é vidraça e os adversários além de exporem seus planos de governo deve – a custa de não faltar com a verdade – mostrar as falhas e a conduta ética de seus concorrentes. 

     É muito mais ético que o governo, seus partidários venham à tona e assumem que errou; que não é diferente dos outros, que peça perdão à sociedade e apresente seu projeto para uma nova legislatura do que ficar se escondendo numa cortina de fumaça, querendo defender o indefensável. Quem vai julgar a conduta ética do governo é a sociedade. E ela que vai dizer nas unas se a questão ética é mais ou menos importante que o projeto político.
Ataíde Lemos
Enviado por Ataíde Lemos em 28/06/2006
Reeditado em 28/06/2006
Código do texto: T183954