Retorno
Fui e voltei.
Todos os caminhos continuaram caminhos.
As estações sempre foram mais de quatro:
Primavera, Verão, Outono, Inverno,
das Flores, das Águas, das Trocas, do Aconchego.
Sempre as tratei com o devido carinho e
com distinção.
Nestas estações amei, meditei, sorri e chorei.
Como sinônimo de vida, nelas mergulhei.
E em todas às vezes, expus-me tão absurdamente
que nua fiquei perante todo e qualquer sentimento.
Meus sentimentos. Vastos. Excêntricos. Guerreiros.
Lutei pela minha paz.
Mergulhei a alma em todos os oceanos.
Até tornar-me transparente e poder mostrar
o que de mim restou.
Não restou pouco.
Civilizei-me, humanizei-me, simplifiquei-me.
E me respeitei. E me amei. E venci.
Tornei-me maior, mais segura, mais centrada.
E pude, enfim, vestir-me de água novamente.
Com a mesma água que me purificou.
e me saciou.
A mesma água que me deu os sonhos
embebidos de esperança.
Vestida de água, mergulho em mim
e volto à luta.
Eu, VestidadeÁgua, não desisto de ser feliz.
Dôra Leal