Pensei que ia morrer

Da primeira vez que fui operada, quase morri de medo. Na maca, a caminho do centro cirúrgico, imaginava que dali podia não voltar. Parecia que a morte rondava, será que eu resistiria a cortes no meu corpo? De pensar dava arrepios. Tremedeira e batedeira de queixo só aquietaram sob efeito da anestesia. Caí em sono profundo, nada mais vi nem senti.

Ao abrir os olhos, já de noite, estava no quarto. Quis me mexer e não consegui. Doía tudo, parecia que um caminhão tinha passado por cima de mim. Dormi outra vez. Pra sair da cama no dia seguinte, como sofri. Não era mais dona dos meus atos. Não adiantava querer, o corpo não obedecia. Dobrar ou esticar uma perna, ficar em pé, que sacrifício! Oito passos até o chuveiro me pareceram um quilômetro e meio...

Mas tudo passa, como passou. Aos poucos voltei ao normal. Tirados os quinze pontos, na barriga só ficou a cicatriz. Em linha vertical. Que depois foi aberta outras vezes e hoje não tem nem sinal.