IMENSO E AVARENTO: ASSIM É O MAR!

Uma cidade em caos urbano total: imagine a que quiseres: São Paulo, Hong Kong, Nova Delhi, Moscou, Cidade do México, Macau. A correria do dia a dia, trânsito congestionado, buzinação, ambulantes, trabalho informal...

... Na verdade, eram homens querendo sobreviver em prejuízo do viver. Uns caloteando outros, produtos piratas, numa esquina um “rebanho” de marginais esperando para roubar qualquer velhinha que passasse de bolsa Luis Vuitton, noutro canto bem escondido uma “colmeia” de profissionais assaltantes de banco pronto para o invadirem e em plano B, invadirem a joalheria em frente, uma “matilha” de banqueiros roubando quem passa pela rua – o banco te rouba e você nem sente, certo mesmo era o tia Patinhas que não dava um tostão a ninguém, inclusive aos bancos e ainda praticava natação no seu mar de moedas -, o carinha da pastelaria, outro do caldo de cana, se você imaginar cidades indianas: o cara do espetinho de escorpião, e se pensares nas cidades africanas: o cara dos ratos.

Isso mesmo!... na África rato é refeição. Mas com um detalhe, lá não tem metrópole, ratos tem vitaminas e cidade de urubu é buraco de rato. Pra vocês que não sabem, toda a Europa e todo o norte americano são afogados na África, adoram ser comidos por cobras e vivem escondidos no buraco do Jerry. Se você prestar atenção, o rato nunca perde. Se ele mija e caga dá leptospirose, se você o come, terá doenças e se ele come, é o teu queijo!

Ah... também tem as bolsas de valores, os taxistas, motoboys, e o principal: uma cambada de marmanjo sentados numa escadaria lendo classificados atrás de qualquer anuncio que diga: ofereço-lhes uma mínimo salário mínimo para quem conseguir comer mais corações sem arroto nem vômito!

Mas o que mais me chamou atenção foi um vaga-lume que em pleno dia consegui vê-lo. Estava lá escondidinho dentro de uma lixeira com sua luzinha verde piscando e comendo suas lesmas e caracóis.

Era dia, mas os homens aparentavam sobreviver em plena escuridão. Enquanto isso o vaga-lume lá em seu lixo recebendo latas, papéis, saquinhos e o pior, piúbas de cigarro. Se vê que a cidade do vaga-lume não é muito diferente das cidades dos homens. Até que chegou a noite, dessa vez sombria, sem estrelas e sem luar.

Do nada, bingo!... faltou energia, os humanos se desesperaram, nem a lua e as estrelas queriam-nos. Parou a cerveja do bar, o som da danceteria, os taxis não circulavam mais, quem dormia acordava com o calor ou com o frio excessivos, os shoppings ficaram caóticos, os carros ainda tinham faróis, mas as ruas não tinham mais semáforos: as colisões foram inevitáveis. Tudo ficou apenas sem luz, trágico já estava!

... Enquanto isso o vaga-lume saiu do seu lixo voando por sobre os homens que se acabavam, se mordiam e se pisoteavam cegamente sem direção e rumo algum. O vaga-lume saiu me guiando, estava seguindo o caminho da praia, de frente para o mar e seguia mar a dentro, eu não tinha mais como segui-lo, nadei até quando pude, dessa vez não morri na praia, morri no mar!... acho que o vaga-lume estava fazendo isso em todos os continentes!

É à noite que você vive o dia!...

Tudo que você constrói no dia é recompensado ou roubado pela noite. Seja a diversão num parque luminoso ou o cansaço sendo espancado pelo sono.

Que soe os versos do poeta Henrique Diógenis: “a luz que você carrega/ é o que te guiará / como eu não tinha luz alguma, morri na escuridão do mar [...]