Naturalidade Trocada
Quem leu “A Trajetória do Caipira”, aqui classificada como Cordel, deve ter percebido que fui registrado em Petrolândia, apesar de ter nascido no vizinho município de Glória, estado da Bahia, separado de Pernambuco apenas pelo rio São Francisco.
_Opa!
_ Separado não, unido.
O rio São Francisco, conhecido como “o rio da unidade nacional”, que faz divisa com inúmeros municípios dos estados da Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, aproxima cada vez mais esses Estados, pela sua importância econômica e social da região e até do país, pela geração de energia elétrica, através de várias usinas hidrelétricas situadas ao longo do seu percurso. Pela sua integração nacional e a minha dupla naturalidade, uma de fato e outra de direito, sinto-me honradamente prestigiado em ser da terra de Rui Barbosa, o “Água de Haia”, e também da terra de Barbosa Lima Sobrinho, o "eterno presidente da ABI", Associação Brasileira de Imprensa, que escrevia com tamanha lucidez, até os 103 anos de idade.
Por onde passei, sempre que o momento exigia a minha apresentação, fazia questão de frisar essa minha origem sertaneja de duas naturalidades, Glória e Petrolândia, ambas irmanadas pelo rio São Francisco. Tão irmanadas que, quando ali vou a passeio, tenho de ir aos dois municípios, onde moram os parentes mais próximos, principalmente a maioria dos irmãos. Ali, onde se forma o triângulo da amizade, nas divisas da Bahia com Pernambuco e Alagoas, tornou-se o palco das nossas confraternizações, graças aos encontros que frequentemente proporcionamos, assim como nas festinhas de aniversários. Na condição de baiano e pernambucano e agora também alagoano de coração, acho até que a dupla naturalidade está gerando uma terceira, por ser nesta última onde já vivi a maior parte da minha vida e onde constituí a família. Então, palmas para o nordestino, ou seria nordestinense?